O elo desconhecido

Temos pouca relação com nós mesmos, durante a nossa etapa como ser vivo.

Somos bem construídos. Funcionamos. Somos em verdade uma máquina. Recebemos o combustível, processamos, eliminamos os resíduos. O sistema é muito mais complexo e não quero falar sobre ele. Funcionamos muito bem, em tese.

O nosso corpo é bem conhecido. Mas existe alguma coisa desconhecida que convivemos com ela, sem, no entanto, nos relacionarmos, pelo menos aparentemente. Em síntese, somos um cérebro-computador-que comando o corpo providenciando meios e serviços para a sua sobrevivência. Mas, existe algo esquisito nesse meio-termo

O cérebro pode julgar que ele é essa coisa desconhecida e que ele sente sua existência, mas na sua ânsia de explicar tudo também sente que essa coisa não está nele.

Ora, essa coisa se impõe como presença, embora não se comunique e, simplesmente, parece abandonar o corpo quando ele está inerte, incluindo corpo e cérebro.

Este elo, que, aparentemente, não se comunica com nosso corpo nem com a mente, pode ser a chave de algo mais ou, a essência do que somos. Esta essência acentua mais ainda a ausência de sua presença exatamente na morte do corpo e mente: sentimos que o material está ali, corpo e mente, mas inertes. A ausência de algo nos intriga, instiga e coloca mais dúvidas. Então, a coisa existia apenas com a matéria viva, agora ela escafedeu-se, era energia para o corpo vivo. Mas uma energia diferente da que o próprio corpo produzia. Ao ser vivo dá-se uma identidade; ao morto, refere-se o corpo de Fulano de Tal.

É, vou terminar a crônica como comecei: na dúvida. Algumas pessoas vão chamar de alma, princípio vital, espírito, sei mais lá o quê. O fato é parece mesmo existir algo invisível e misterioso dentro de nós, enquanto vivos.