Uma noção

UMA NOÇÃO

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Leandro Ferreira Braga

Autor

Eu até entendo os que dizem não gostar de política, mas não gostar e querer ser um alheio ao assunto já é exagero. Ora, gostando ou não a política existe e faz parte de nossa vida, por isso devemos ao menos atuar politicamente para entendermos e assumirmos nosso papel na sociedade em que vivemos.

A incomunicabilidade relativa a política é perigosa por gerar uma visão fragmentada do mundo ao nosso redor. Hoje a mídia mostra sua ditadura , principalmente a televisão, que atordoa com imagens alienadoras, a internet também; às escolas é dado o filho para ser educado, mas os pais geralmente não estão inseridos nesse processo quando deveriam; os estudantes - alguns para não dizer muitos - não mostram capacidade notável para argumentar sobre questões históricas e/ou do processo que está acontecendo, são ignorantes e têm pouco ou nenhum senso da relação histórica; a leitura de livros é colocada de lado para entrar em cena a leitura de sinopses ou sabe lá o quê. Ah, agora lembro da frase que está no livro América, frase esta que pertence a Monteiro Lobato e diz o seguinte: "Um país se faz com homens e livros".

Com homens, livros e saber. Na última crônica que escrevi e talvez tenhas lido, eu, falei também sobre alienação social; para sonharmos com um país melhor devemos está atentos e atuantes no processo de mudança pois só assim será possível. Isso não quer dizer que devemos amar a política, devemos sim nos ligar a ela e assim assumirmos o nosso papel tão importante. Recordo agora da questão: capitalismo e democracia. Sobre o sistema econômico desumano, muitos ainda são leigos em relação a ele, ou seja, desconhecem. Os homens que aí estão - no poder - são capitalistas impiedosos, por exemplo.

O capitalismo, lobo em pele de cordeiro, foi dividido em quatro etapas: comercial com o mercatilismo, industrial com o liberalismo, financeiro com o keynesianismo e informacional com o neoliberalismo. Este último é o que estamos vendo no Governo Temer, uma vez que política e economia andam lado a lado, o neoliberalismo - reduz o papel do Estado na esfera econômica -, faz com que o poder estatal seja liberado de todo e qualquer empreendimento econômico ou social que possa ser interesse do capital privado seja ele nacional ou não; é meu amigo a situação não é simples. Se o poder estatal se estende, a relação do Estado com a sociedade é alterada completamente e assim separa-se tal poder de amplos setores da sociedade civil; meu amigo que suportaste ler esta crônica, é por isso que nós não nos sentimos representados, alienados do poder.

Ah, não posso esquecer dela, linda e desejada democracia, cantada em prosa e verso pois a verdade é que ela é um regime político que depende de um sistema econômico. "Governo do povo, pelo povo e para o povo" , é lindo. Mas a verdade é dura; nossa sociedade democrática trabalha as divisões pelas instituições e leis? Somos livres? A democracia existe escrita no papel. Vês democracia no atual Governo ou abandono das políticas sociais e do planejamento econômico? Nossos direitos econômicos e sociais estão em perigo, a esfera pública está sendo comprimida e a dos interesses privados se expandindo. Hoje estamos vendo que não precisa mais de grande número de trabalhadores, porque o capital se amplia com o desemprego em massa e os nossos direitos econômicos e sociais não têm mais importância. Quero finalizar citando duas frases de Proudhon: "O salário é uma forma de escravidão", considerando a diferença entre preço de custo da força de trabalho (salário) e o valor da mercadoria produzida, essa diferença é a mais-valia. "Atuar é combater".

Leandro Ferreira Braga
Enviado por Leandro Ferreira Braga em 13/11/2017
Reeditado em 13/11/2017
Código do texto: T6170860
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