Pérolas para serem lapidadas

Os meus alunos são pessoas que fazem parte da minha vida. A cada ano tenho novos sujeitos inseridos no meu cotidiano. Crianças felizes, infelizes, alegres, tristes, questionadoras, caladas, amorosas, sem amor, carinhosas, ríspidas... enfim cada uma com as suas peculiaridades, mas todas ocupam o mesmo espaço no meu coração.

Sei como a questão social afeta esses pequenos seres, vítimas de um país capitalista, onde se implementa uma política neoliberal .Como podemos exigir dos nossos alunos os valores básicos, se muitos deles nem ao menos sabem o que quer dizer isso?

Certa vez, no primeiro dia de aula, chamei um aluno de meu amor e ele ficou assustado e me perguntou:

- Pró! Meu amor?

- Respondi:

- Sim! Por que não?

- Ah! É porque a minha mãe diz lá em casa que amor é coisa de namorado e namorada ou marido e mulher!

Sorri! Chamei-o para conversar comigo, socializando a nossa conversa com os seus colegas e aproveitando para explicar o significado da palavra amor. Mostrei que ela pode ser utilizada como forma carinhosa de tratar a pessoas. Ele sorriu, me agradeceu e falou:

- Pró, agora eu vou ensinar lá em casa o que aprendi hoje com a senhora.

Nesse momento, senti uma felicidade muito grande em estar certificando o efeito imediato e positivo daquela conversa que tive com ele e seus colegas, pois tinha certeza de que daquele dia em diante, estes meus alunos iriam multiplicar esse valor tão necessário para a humanidade.

Iguais àquele aluno temos milhares. Podemos plantar a sementinha dos valores básicos para o ser humano, que, mesmo demorando de germinar, com certeza, no futuro dará bons frutos. Se cada um de nós fizer a nossa parte, já será um bom caminho andado. Como bons educadores, não podemos fechar os olhos para as coisas que estão ao nosso redor, pois também somos responsáveis pela construção de um mundo melhor.

Façamos a nossa parte!

Ângela Machado
Enviado por Ângela Machado em 22/10/2005
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