Filhos ingratos não merecem perdão

Cuspir no prato em que se fartou mostra que existem criaturas mixas, ingratas, incapazes de reconhecer quem lhes deu o pão.

Quem abandona o ninho sem olhar pra trás está mostrando seu lado mais vil, mesquinho, desprezível. Quem acolheu merece respeito.

Merece gratidão. Merece um sorriso de agradecimento, que não custa nem dói nada.

Mas em algumas vidas prevalece outro roteiro.

Pessoas mamam nas tetas, se lambuzam de leite farto, e quando menos esperamos tacam um belo chute na bunda.

Enquanto puderam sugar toda alma, enquanto se embasbacaram do calor, do chão, estava tudo maravilhoso.

Mas, por dentro, não viam a hora de chutar o pau da barraca e literalmente escarrar em tudo o que foi ofertado, servido, presenteado.

Dizem que só conhecemos nossa esposa de fato quando nos separamos dela.

Há muita verdade nisso.

Mas acrescentaria nesse palanque aqueles ingratos que saíram da gente, que fizemos virar vida de um simples gozo, e que numa bela hora pegam suas trouxas e se mandam da gente, cuspindo com gosto no prato comido.

Falo dos filhos, é claro.

Como escritor biógrafo com 37 anos de oficio já perdi a conta de ouvir meus clientes contarem como seus filhos os magoaram, abandonando tudo quando se achavam capazes de bancar suas vidas e, pouco tempo depois, voltavam com o rabo entre as pernas pedindo um copo de água, um chão pra dormir.

Perdi a conta dos relatos de pais sangrando pela voz e não conseguindo engolir que foram meramente usados pelos filhos, que quando achavam que não precisavam mais dos seus velhos, simplesmente se mandavam, "cagando e andando" pros seus sentimentos, pela solidão avassaladora e, sobretudo, pelo gosto do desprezo que nunca mais sairá de suas bocas.

O consolo é que esses ingratos vão quebrar a cara no mundo afora e não terão outra alternativa senão retornar para o lar que, com tanto gosto, chutaram longe.

Que o céu os perdoe, porque daqueles pais não terão perdão jamais.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 13/02/2018
Reeditado em 14/02/2018
Código do texto: T6253100
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