Narinha e Zezinho, um grande amor

São as circunstâncias quem governam as pessoas. Mas as vezes elas falham principalmente qando tentam frustrar um grande amor. Ha ene histórias de amor que provam isso. Adoro esse tipo de histórias, mesmo água com açúcar. Li e ouvi muitas e muitas histórias de amor. Uma dela ouvi numa noitte de ua cheia sentado numa cadeira na calçada, ainda adolescente, nunca esqueci...

Vou entar recontá-la, é mais ou menos breve, modesta, sem o colorido das grandes histórias e nem o talento dos grandes contadores, mas nem por isso deixa de ser uma história de amor.

Desde crianaças. Narinha e Zezinho eram apaixonados. Brincavam sempre juntos, foram para a mesma escola, um sempre cuidando do outro, unidos como unha e carne. Nascia um grande amor. Eles sentiam a necessidade de estar juntos, mas ainda anão tinham consciência de que era amor, só pressentiam.

A consciência chegou quando se tornarm adolescentes. Da amizade e brincadeiras, evoluiram para o namorico propriamente dito, com os amassosde praxe, mas com cuidado e respeito mútuo. Não avançavam o sinal, se continham, o amor de verdade tem esses rasgos de respeito.

Mesmo sendo algo natural, a famílias eles eram contraesse romance, e por motivos óbvios que sempre vigoraram nas tradições familiares. O pai de Narinha lahe dizia: "Menina, dois lisos juntos, escorregam". A mãe do rapaz advertia-o: "Zezinho, amor não enche a barriga de ninguém".

Eram os dois de famílias pobres, estudavam graças a bolsas escolares. Primeiro intuiram e depois entenderam que as circunstâncias da vida poderiam im pedir a concretização a concretização do seu amor. Não conversavam sobre isso, a não ser por intermédio dos ohos, eles nunca mentem e nem omitem nada. Preferiram aproveitar o tempo que lhes restava, os momentos que ainda podiam passar junto. Mas sabiam que teriam que se separar.

Antes disso, da separação, estavam um dia,à noite, na praça sentados num banquinho, abraçados, quando ele olhou para o céu e contemplou as estrelas brilhando, cintilando, lindas, depois de alguns instantesvoltou os olhos para ela e disse sério: "Narinha, seu pudesse te daria um colar de esrelas". Ela riu, mas, instintivamente, colocou a mão no pescoço como se estivesse acariciando um colar.

Continuaram a viver seu romance até sentirem que não era mais possível, um deles teria que deixar a cidadezinha. As famosas circunstâncias exigiam a separação. Ele terminou o curso ginasial, mas não tinha condições de continuar os estudos, nem havia na cidade emprego. Além disso precisava servir o Exército. A família achava que estava aí a sua oportunidade de ser alguém na vida. Não teve como resistir, tinha que ir embora, renunciar ao seu grande amor. Ela ambém erminou o ginásio e as freiras lhe concederam ais uma bolsa escolar paracursar o pedagógico. Teria, portanto, epois de concluir o curso, uma profissão.

A despedida foi trste, sabiam que iriam seguir caminhos diferentes. Não havia como evitar a separação. A vida tinha que seguir seu curso.

Passaram-se anos e anos. Ela ficou na cidadezinha e ele foi para ao mar. Foi servir na Marinha, depois engajou-se na marinha mercante. Nunca quis voltar à cidade, nem a passeio, não quria sofrer, parece que fizeram um acordo tácito, esquecer ou fingir esquecimento, não era desamor e nem reúncia, mas resignação, doída, sofrida, cruel. Ela terminou o pedagógico e se tornou profssora. Depois de alguns ansos, para atender às convençõs sociais, se casou com um comerciante rico, um sujeito bom, honesto e que mesmo não sendo um grande amor, a tratou com respeito e muito carinho, levaram uma vida cnfortável. Mas... a força d destino fez com que enviavasse. Foi então que resolveu sossegar de vez a periquita, casamento nunca mais.

Mas mmesmo casada e agora viúva, ela nunca esqueceu do seu grande amor. E, psmem, nem do colar de estrelas.Às vezes, nas suas vigílias, ficava na janela olhando as estrelas no céu e suspirando, recordando o seu grande e verdadeiro amor. Gostava nesses momentos, de cantarolar baixinho uma música de Paulo Soledade e Marino Pinto que fez muito sucesso na voz de Bethãnia, música que eles ouviram pouco antes da separção e fcou sendo o hino de amor deles porque era um isto de tristeza e de esperanaça:"Um pequenino grão de areia/ Que era um pobre sonhador/ Olhano o céu viu uma estrela/ E imaginou coisas de amor// Passaram anos muitos anos/ Ela no céu ele no mar/ Dizem que nunca o pobrezinho/ Pode com ela se encontrar// Se houve ou se não houve/ alguma coisa entre eles dois/ Ninguem soube explicar/ O que há de verdade/ É que depois, muito depois/ apareceu a estrela do mar".

Ele tmbém nunca a esqueceu, inclusive sempre ouvia numa radiola portátil essa música imaginando ser o pequenino grõ de areia rezando para que a estrela aparecesse no seu mar. E nas npoites no mar, ele costumava ficar olhando paa as estrelas no céu, e sempre lembrava de que havia desejado presenteá-la com um colar de estrelas. Não suspirava com a recordação dessa cena, mas seus olhos marejavam e a vista turvava atrapalhando a visão.

A vida sempre continua, na verdade ela é como um sonho, fugaz e cheio de surpresas, às vezes é muito dura, outras vezes muito delicad. Só não é neutra. E a vida não pára, e as pessoas envelhecem. Na verdade a vida é fnita. Mas não deixa de ser bela e misteriosa.

Quando os cabelos embraneceram e seu passo ficou mais lento, ainda assim Narinha teimava, nas noites estreladas, em cumprir um novo hábito, ir até a pracinha e sentar no mesmo banquinho de antigamente. Fic ali absorta, suspirando, olhando para as esrelas. releembrando o passado, sonhando acordada. Era como se o tempo voltasse, ela ria recordando e, nã raro, falava sozinha. Quem a via pensava que estava variando, mas todos a respeitavam e conheciama sa história de amor, que não tinha dado certo devido a m capricho do destino.

Numa dessas idas à pracinha, era noite estrelada, no momento que sentada no banquinho comtemplava as estrelas cantarolando baixinho a música do pequenino grão de areia, no momento que uma estrela se deslocou no cpeu, ela fez m pedido e, de repente, ouviu uma voz conhecida dizer às suas costas: "Um dia, Narinha, eu disse que se udesse te presenteria com um colar de estrelas, mas, infelizmente, não pude fazer isso". Ela virou-se para ele rindo de felicidade mas chorando ao mesmo tempo, sabendo queseu pedido tinha sido atendido, com a mão esquerda (era canhota) acariciando o pescoço, falou brincalhona mas tamabém a sério: "Deixe de besteira, você me deu esse colar, não está vendo-o? eu nunca deixei de usá-lo".

Nunca mais se separaram, rasparam o cororó da panela da vida juntos. Uma vitória inda que trdia do grande amor.

Sei que fantasiei um pouco a história, mas foi mais ou menos o que ouvi numa noite estrelada. Adoro uma história de amor. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 18/02/2018
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