A Maldição do Faraó

Ah, o Egito! Tudo impressiona pela enormidade na terra dos grandes construtores, das genuínas obras faraônicas! As imensas pirâmides, os gigantescos templos, os monumentais colossos! E a poeira no ar, os prédios semi-acabados, e a incrível quantidade de caliça despejada ao longo das ruas. Não bastasse o trânsito inconcebível da cidade do Cairo, as avenidas são ladeadas por montes, montinhos e montões de sobras de material de construção. Alguns formam pirâmides! Tão impressionantes quanto a Maldição do Faraó.

O turista vai para o Cairo e visita o magnífico Museu Egípcio. Aprecia aquelas magníficas esculturas, produzidas por refinados artistas, há alguns milênios. Percebe a sofisticação, o capricho do trabalho realizado sobre materiais difíceis como pedras, madeiras, vidro, ouro. Fica embasbacado com o realismo das pinturas de temas da natureza, com o colorido e o detalhamento, e com a durabilidade milenar dos pigmentos e tintas utilizados pelos artistas. Fica encantado com as múmias de reis e os tesouros da famosa tumba de Tut-Ankh-Amon!

Mas aí a maldição do faraó passa a agir. No momento em que se encontra do lado de fora do Museu, mal recebe a luz do sol no rosto, o turista já começa a sentir os efeitos… da tosse. Aquela tossezinha chata, de secura na garganta. Haja água mineral!, tão valorizada quanto... água no deserto! (Precisamente!) Os incrédulos atribuem esses efeitos à poluição, areia do Sahara, aridez do clima da capital mundial mais seca do mundo. Mas o faraó não.

Quando sai do belíssimo jardim do museu, o turista precisa primeiro conseguir atravessar a avenida sem ser atropelado, ou ao menos “pechado” por algum veículo no meio da balbúrdia. Depois, precisa conseguir caminhar pela calçada, digo, pela margem des-calçada das ruas, sem torcer o tornozelo nem tropeçar nos pedaços de tijolos, ripas de madeiras, sobras de esquadrias, até chegar ao seu destino. É claro que Tut continuará observando.

Se o incauto turista inadvertidamente quiser então fazer uma parada para descanso no passeio, tomar um chá, talvez um té-com-menta, ou mesmo um café turco, em algum bazaar típico no caminho, corre o risco de ingerir um tempero especial de areia em suspensão e poeira de concreto. E se quiser experimentar uma bebida bastante típica e exótica como o chá de hibiscus, aí sim a experiência egípcia se torna inesquecível, pois a Maldição do Faraó tomara então a forma e os efeitos da famosa Vingança de Montezuma.