CHÃO MINADO

Tantas vezes me sinto num campo minado.

Com infinitas minas escondidas em algum canto, só esperando pisar pra explodirem pra todo lado.

Isso faz caminhar com cautela, com medo, porque a qualquer hora pisarei numa e vai tudo pros ares. Tudo mesmo.

Esse chão minado não tem fim. Sempre aparece um novo à minha frente, com minas revigoradas, novinhas em folha.

Prontas pra serem detonadas por mim.

Isso tira meu sossego, minha tranquilidade, minha paz, minha vida.

Então, certo dia, percebo que podem ter outros chãos pra pisar.

Sem aquelas minas traiçoeiras, sacanas, danosas, loucas pra dar o bote.

Mas eu só "sabia" pisar num chão cravejado de minas.

Estava pisando naquele chão faz séculos, conhecia todos seus atalhos, todos seus cantos, todas suas armadilhas. Todas mesmo.

Isso me fez sempre insistir em voltar pra aquele chão familiar, costumeiro, rotineiro, apesar de tudo o que me fez e faz de mal.

Mas o outro chão, desminado, está lá.

Quieto, sem muito alarde. Também é um chão, também pode ser pisado, também pode ser o meu local de caminhar, por que não?

Mas sou teimoso, um tanto maluco, gosto do perigo, gosto da dor, gosto de ver tudo explodir ao leve todo do pé.

Só que esse "gostar" um dia cansa.

Um dia joga a toalha.

Um diz diz fim. Chega. Não quero mais.

E envia um sonoro PARE pra todos os meus ouvidos escutarem. Todos mesmo.

E lá vou eu pro novo chão. De mala e cuia.

Sem aquelas minas que tanto fizeram mal. E que agora só quero longe, o mais longe que der.

Finalmente e até sempre.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 07/03/2018
Reeditado em 07/03/2018
Código do texto: T6273551
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