Pessoa

Lembro-me quando ganhei minha primeira bicicleta. A alegria era indizível, inefável, do ponto de vista de uma criança que agora possuía um souvenir para os dias de sol... E chuvosos, dependendo do animo e entendimento da mãe, quanto à compreensão acerca do que é viver.

Lembro-me também quando recebi meu primeiro salário. A sensação de conquista foi inexplicável. Na prática, nem precisava mesmo de explicação, era só partir pro abraço e me sentir um bom consumidor, conforme minha sociedade me induzira a ser.

Ainda me lembro do meu primeiro veículo automotor. O prazer já alcançara, nesta ocasião, patamares mais exuberantes. Do ponto de vista de um jovem rapaz. Ainda que as sensações infantis sejam muito mais primárias e encantadoras esse patamar era de outro nível. De todas as minhas lembranças das posses, essas me foram, talvez, as mais relevantes.

Hoje, pra fazer sentido a síntese do que aqui vai escrito, precisei citar as coisas antes, até porque a conquista da pessoa, a que me referirei foi, posterior e contudo superior. Sem lembranças antigas, pois é tao recente quanto absurda sua participação em minha memória, a pessoa me enche os olhos, o coração e a alma de uma forma que as coisas perdem a semântica.

Pessoa e não coisa. Coisa até nos alegra o coração

Mas pessoa, principalmente aquela, de fato,

acertada

É alegria e preenchimento que transcende a compreensão...

...Coisa é coisa, pessoa é amada...

Coisa, não. Pessoa! E essa em especial me transborda

Toda expressão afim de trazer à luz compreensão fracassa

Toda ameaça à nossa relação em confusão discorda...

...Pessoa fica, coisa passa...

Harlen Ribeiro
Enviado por Harlen Ribeiro em 18/03/2018
Reeditado em 18/03/2018
Código do texto: T6283323
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