Ghost Writers na Educação

Tive um chefe que era dado ao uso de metáforas e contextualizações quando conversava. Isto, o levava a se estender um pouco em suas explicações. Mas, até que elas se tornavam interessantes no final. Um dia usou a expressão "Ghost Writer" em uma conversa ao telefone. Não sei se seu interlocutor entendeu o que quis dizer como também o estimado leitor, assim, vamos às explicações. Em uma tradução direta, esta expressão do idioma inglês, quer dizer "Escritor Fantasma", contudo no meio editorial ela se aplica aos profissionais especializados que são pagos para realizarem serviços de redação de textos para outras pessoas. Escrevem o que estas lhes dizem ou pedem, não raramente, por lhes faltar o preparo ou habilidade para expressar suas ideias em um texto escrito, muito embora, os créditos pela obra lhes pertençam. Diferente do que ocorre na educação brasileira, em que os "escritores fantasmas" que frequentam as salas de aulas estão aquém do necessário para produzirem textos que expressem o básico da forma e estrutura do código linguístico que usam, estes se tornaram escritores sem textos. Vai levar tempo até que esqueça a justificativa dada por uma aluna para não fazer a tarefa. Segundo ela, pensar dói! Como também, das muitas redações que tentei entender (outras, sequer consegui decifrar o código), as quais diziam muito pouco. Esses alunos, entretanto, possuem apenas meia-culpa. São vítimas de um sistema de ensino perverso que os empurra indiscriminadamente vazios para frente. Como no clip "Another Brick In The Wall" do Pink Floyd, em que alunos vão marchando sem saber muito bem para onde estão indo. Os professores também são vitimados com isto. No fim de cada ano letivo, concluídas as provas e as notas calculadas e lançadas, se algum aluno ficasse reprovado o professor tinha que se justificar na coordenação por isto ter acontecido. Uma vez recebi um e-mail da coordenadora dizendo que deveria fazer o impossível para não deixar ninguém reprovado, ou seja, dar 10 a quem tirou 1. A diretora do Instituto Paulo Montenegro, Ana Lúcia Lima, comentando os índices do INAF 2011/2012 disse que somente 62% das pessoas com nível superior são classificadas como plenamente alfabetizadas. A constatação de que 38% dos alunos que concluíram seus cursos ou que ainda estão em universidades são apenas alfabetizados funcionais, que não possuem o pleno domínio do uso e fluência do Código Linguístico é uma notícia no mínimo preocupante, a qual nos leva a indagar: Como conseguiram entrar e concluir seus cursos? E usando de metáforas e contextualizações, como meu antigo chefe, esta notícia bem que poderia fazer parte do roteiro de um daqueles casos investigados pelo Mulder e a Scully. Coisas de Arquivo X, em que explicações satisfatórias ficam sempre soltas no ar, volúveis. A série inicial já acabou, mas sua chamada permanece audível: "A verdade [ainda] está lá fora". Sempre! Para aqueles que não acreditam em conspirações extraterrestres, que atuam secretamente com o objetivo de empobrecer a mente das pessoas, existe o brasileiríssimo "Imponderável de Almeida". Queria muito conversar com o Nelson sobre isto. Será que ele atenderia um telefonema meu como faz com o Jabor? Vou Tentar. Tummmmm...! Está chamando...!

Quinho Barreto
Enviado por Quinho Barreto em 18/03/2018
Código do texto: T6284012
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