Aniversário introspectivo

Não sei bem minhas características.

Acreditem! Eu não sei me definir.

No entanto, posso assegurar que desenvolvi, ao longo das minhas seis décadas, algumas faculdades essenciais.

Fazem parte da minha veterana bagagem: a Razão, o Sentimento e a Vontade.

Conjugo, com frequência: o Pensar; o Sentir; o Querer.

É explicado, cientificamente, que o Querer e o Pensar são faculdades ativas, partindo da iniciativa da pessoa. Já o Sentir, passivo e profundamente, acontece em nós, dentro de nós.

Em geral, sempre se considerou a Razão como o patrimônio maior, e talvez único. A inteligência chamada racional.

Inserido no sistema educacional da época, grande foi o percentual do meu tempo vivido, de uma dedicação, quase que exclusiva, ao desenvolvimento da Razão, à expansão do Pensar.

Devido aos meus "sonhos", ou por indisciplina mesmo, sempre mentalizei um padrão de inteligência, um tanto quanto, distante do real.

Não oculto as inúmeras oportunidades que tive e os benefícios recebidos, em decorrência dos conhecimentos transmitidos por excelentes educadores que muito ensinaram-me a pensar.

Bem sabemos que nos dias atuais, entretanto, a inteligência emocional também tem sido bastante difundida.

Confesso que, para mim, os aspectos emocionais sempre tiveram uma relevância maior na escala dos saberes.

Com a mesma intensidade que me ensinaram a Pensar, aprendi sozinho a Sentir.

Sempre fui um autodidata dos meus sentimentos!

Por outro lado, a sociedade moderna, padecendo de valores éticos e morais, exige a inteligência volitiva, aquela associada à Vontade.

Realmente, o papel desta faculdade, na formação integral do homem, precisa ser melhor explorado para conquistarmos uma vida mais justa.

Aliás, direito e justiça resultam do uso adequado da Vontade, ou do Querer. Portanto, são frutos de uma inteligência volitiva bem desenvolvida.

"Uma educação para o desenvolvimento harmônico das inteligências Racional, Emocional e Volitiva deve ser um dos mais importantes objetivos de uma instituição de ensino e de todo educador"

Os valores do sentimento e da moral sempre ficaram em segundo plano. Sempre foram considerados como pertencentes aos homens fracos e menos espertos.

E esse desprezo trouxe sérias conseqüências, pois muitas das conquistas da ciência viraram instrumento de violência e submissão.

O homem atual sabe muito, mas sofre e é infeliz.

Sem o sentimento e a vontade para conduzir adequadamente a Razão, o homem moderno caminha como um viajante num deserto sem oásis.

Sabe para onde ir, mas não encontra a água para matar a sede; sede de paz e de justiça; sede de amor e de liberdade", afirma o professor Cosme Bastos no seu livro Educação Integral.

Para reverter esse estado de coisas, é fundamental voltar nossos olhos para o constante aperfeiçoamento.

Entendo que, sem as conquistas do Sentimento e da Vontade o homem continuará sedento.

É comum encontrar pessoas que desenvolveram muito apenas o Pensar e que, dominadas pelo orgulho, tornaram-se arrogantes e presunçosas...

Li que a principal característica do homem sábio é a humildade. Sem a humildade perdemos boas oportunidades de continuar aprendendo... Pensamos que já sabemos o suficiente!

Falta-me tanto para ser INTEGRAL. Achar que estou completo, seria muita pretensão.

À duras penas, à minha maneira, mentalizei meu harmônico pensar; o meu profundo sentir; o meu sincero querer.

Quem me dera saber administrar meus pensamentos; poder dominar meus sentimentos; controlar todas as minhas vontades.

Luiz Rodas
Enviado por Luiz Rodas em 20/03/2018
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