MARGARIDAS

Só voltei brevemente, para deixar-te a minha flor preferida, a margarida bucólica e singela. Ela harmoniza com a minha alma, igualmente simples. Se ainda assim, pareço-te complexa é por causa de cicatrizes que transformo em gigantes arabescos para proteger a minha essência.

Eu, acessível e verdadeira, trago-te essa flor… que na medicina antiga, era usada para curar feridas… que se abre a cada amanhecer, se orienta pela luz e se fecha para a escuridão. Naturalmente adaptável e forte, se relaciona com o frio ou calor. Que ela se ajuste à sua alma!

Eu, que escolhi plantar e deixar margaridas pelo caminho, levo as sementes que trocamos naqueles momentos em nos movíamos em direção à luz, rindo a toa às três da tarde, na hora em que não havia a transmutação do começo do dia ou da chegada da noite.

Entrego-te uma das minhas mais belas margaridas, receba-a como prova da minha gratidão e demonstração de que não fui indiferente ao seu lindo sorriso franco, nem às suas dores e aos seus lamentos. Tudo que fiz foi entregar-te as minhas melhores flores. E isso… só deixou o meu jardim mais vivo.

Agora vou -me embora, mas deixo um pouco de mim no teu caminho. Um pouco de nós e um pouco de ti, rindo ao meu lado. Se alguma vez me faltou cor ou perfume, ou fui ausente, provavelmente era noite e fechei-me. Se por algum momento flori-te o caminho e contribuí para o teu sorriso, peço que guarde essa pessoa… a que carregava margaridas para ver-te sorrir…