Eu Sabia Que Era Ele

—Por onde ele foi?

—Acho que por ali. — Ele disse apontando preguiçosamente para um canto.

Me apoiei na cerca viva, exausta, balançando com força a cabeça para me livrar das gotas de suor.

—É um labirinto, não precisa esperar que seja fácil. — Ele destilou, retirando a grossa poeira das minhas calças.

Continuei caminhando.

—Você nem sabe como é esse tal de amor! —Gritou de longe.

—Eu sei porque me disseram. — Disse aborrecida.

—E o que é para os outros é para você?

—O amor é uma coisa só, eu sei, se não acreditasse fervorosamente não passaria todos os dias correndo por esse maldito labirinto, como um cão corre atrás do próprio rabo e ao invés de me ajudar você só observa o cumprimento do meu destino penoso. — Resmunguei — E se quer saber, eu estou cansada. Cansada desse lugar, cansada de você, vou destruir tudo que eu posso alcançar.

Ele me olhou atônito.

— Não deve.

Agarrei todos os galhos da cerca viva ao meu alcance. Os grossos espinhos atravessavam minha pele, rasgando-a como uma asa de borboleta. Meu corpo estava envolvido com os pesados ramos, criando um contraste entre o verde e o vermelho do meu frio sangue. Ele me abraçou pelas costas, apertando seu corpo quente contra o meu e então eu sabia que não precisava mais procurar.