DISSABORES

Até pela minha formação e diversos vínculos, considero o Poder Judiciário, independentemente de teorias, um verdadeiro pilar da Democracia, do progresso, da vida em equilíbrio na sociedade. Minha homenagem, portanto, aos expoentes deste Poder, com todo meu respeito e consideração. Mas, há alguns anos, como parte Autora (talvez ser Réu compense), em ações comuns ou especiais, inclusive nos mais singelos inventários, tenho enfrentado tanto equívoco, desconsideração, soberba, demora, burocracia onerosa e massacrante, que chego temporariamente a perder a fé no país. Se o nosso Judiciário, do alto de seu patamar, eventualmente desanda, como acreditar no Legislativo ou no Executivo? É mais fácil acreditar no dono do mercadinho da esquina. Não é caso de dizer que “ninguém gosta de perder”. Quando se perde com base em argumentos sólidos, em que se percebe a genuína convicção do julgador, num lapso razoável de tempo, tudo bem, é da vida, já me aconteceu e assimilei. A gente aceita a derrota limpa até no futebol. Agora, quando se conquista uma “vitória de Pirro”, infrutífera, tempos depois, a coisa muda de figura. Por outro lado, se eu tenho 100 reais a receber, mas o julgador burocrata me obriga primeiramente a gastar 30 do meu bolso e a esperar uma eternidade, cumprindo ritos burocráticos, para que ele não fique apremiado em decidir, aí está tudo perdido e justiça não existe. Puro jogo de cena ou faz de conta. Dá pra dizer que é uma aventura lotérica. Mas há, no país, algo pior do que a estrutura judiciária, que é assaz onerosa também: o insaciável Imposto de Renda, que faz a classe média definhar, com a vampiragem bacante de seu sangue. Sem alternativa de escape como em outros segmentos mais abonados, a mordida rasga na fonte e na Declaração de abril, devorando um automóvel zero quilômetro como quem suga um picolé em festa de quermesse. Sem ajustes, paga-se mais e mais a cada ano e o cidadão que se vire, com a margem ridícula para as deduções. Sim, você é tratado como “rico” e tem de pagar a dívida pública e o descalabro administrativo. Retorno, nem pensar. Bancar o espertinho? Olha, não pegavam o cara de jeito nenhum, mas acabou em cana em função justamente do Imposto de Renda: AL CAPONE. Então, sigo a cartilha. Mas é muito triste.