Mantendo a Esperança

Ontem, ao ver na TV a reportagem do terrível incêndio no centro de São Paulo, fiquei chocado. E não só com as imagens do trágico acontecimento, mas principalmente por descobrir que no prédio incendiado existia uma favela com barracos montados em seus andares, abrigando cerca de 150 famílias, aproximadamente 400 pessoas. E mais, que na capital paulista existem próximo de uma centena de outros edifícios em situação semelhante e que nada se faz para prevenir situações que tais, além do cadastramento dos residentes, assinaturas de convênios, estudos e planejamentos de soluções que nunca se efetivam.

Mas o pior e que me deixou estarrecido, foi a notícia de que o prédio pertencia à União, foi invadido por pessoas auto denominadas “sem teto”, incentivadas e lideradas por entidade que se diz representante de movimento social, e que muitos que lá moravam pagavam alugueres de até R$400,00 aos coordenadores de um tal MLSM (Movimento de Luta Social por Moradia), segundo site do jornal O Globo (por Flavia Tavares, 01/05/2018).

E nem se diga que os valores recebidos tinham o objetivo de vencer as despesas próprias de um condomínio, uma vez que as condições do local e da convivência, descritas por alguns dos moradores que conseguiram escapar do sinistro, evidenciam total ausência de serviços, por mínimo que sejam. Até mesmo os de água e luz, os relatos induzem provirem de “gatos”, dada a instabilidade do fornecimento.

Tal como posto nas primeiras notícias, os fatos merecem investigação, pois, se verdadeiros, o tal MLSM não promove movimento de cunho social, mas, sim, caracteriza uma organização criminosa que, para além da ocupação de bem público, explora a miséria dos outros.

É hora de refletir sobre a existência dessas entidades que levantam a bandeira da justiça social, mas outra coisa não fazem do que promover a baderna e a exploração daqueles que deveriam ajudar.

Por outro lado, também o poder público deve ser questionado, ante a evidente omissão diante de uma situação que conhecia bem (haja vista o que disseram ontem as autoridades e os laudos técnicos sobre o estado do prédio hoje divulgados) e nada de concreto fez a respeito.

A sensação que o episódio me causou foi o de total desamparo, ante a absoluta inoperância dos governantes para com o dever que têm de promover e zelar pelo bem estar social de todos nós.

Apesar dos pesares, mantenho o otimismo e jogo minhas “fichas” de esperança nas eleições que se aproximam, para seguir sonhando com dias melhores.

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 02/05/2018
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