Perde- dente - EC

Meados dos anos 70 ( época mágica) e minha mãe namorava um rapaz que fazia parte de uma família muito grande, noto que minha memória resgata esta passagem com superlativos, talvez pela comparação com o meu restrito núcleo familiar, ou pela alegria e intensidade com que viviam.

Eram festivos e moravam em uma casa com imenso quintal, para os moldes atuais seria considerada uma chácara, tratava-se de um amplo terreno com árvores, galinhas, forno para assar pães e ainda espaço para as brincadeiras mais intensas, inclusive pular fogueira.

Recordo-me que dentre todas as guloseimas típicas, achava que o tal pé-de-moleque, era assim conhecido pela cor caramelo mesclada que poderia ser associada a sujeira típica da meninada tão pé no chão, ou de sandálias recuperadas com pregos. Em uma das mordidas o tal doce custou a se desmanchar na boca, persistia de lá para cá um pedaço mais firme, desistindo tirei da boca, e para surpresa e com um pouco de euforia achei um dente que foi exibido orgulhosamente para a festa toda. Lembro que “os tios” iniciaram uma piadinha sobre um novo nome para o doce : Perde-dente.

Aqui com minhas memórias reflito sobre união familiar, sobre tradições que poucas crianças hoje tem acesso, e também que felizmente algumas emoções tem época certa para acontecer, pois neste momento da vida despedir-me de um dente na mordida do caramelo de amendoim seria certamente desesperador. Recordações muito oportunas, na dúvida no próximo São João melhor morder com moderação

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Este texto faz parte do exercício criativo Pé de Moleque, conheça outros textos em http://encantodasletras.50webs.com/pedemoleque.htm.

Letranda
Enviado por Letranda em 04/06/2018
Reeditado em 04/06/2018
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