Vida Severina

Sou admirador dos grandes poetas. Sempre releio os poemas que acho mais significativos na nossa lingua portuguesa. Adoro Fernando Pessoa, mas acho que temos poetas tão brilhantes quanto ele, caso, por exempo, de: Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Geir Campos, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Jorge de Lima,, Cora Coralina, Manoel de Barros, Vinicius de Moraes, Castro Alves, Augusto dos Anjos, Joaquim Carodoso, Mauro Mota... Temos mesmo poetas arretados.

Mas dois poetas brasileiros, na minha modesta opinião, escreveram os dois poemas mais belos em língua portuguesa: João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar. Os poemas: Morte e Vida Severina e o Poema Sujo. Acho que são páreo parao Canto Geral de Neruda. São duas obras-primas da poesia.

Vou confessar algo, se tivesse que escolher entre os dosis poemas o mais bonito, escolheria o de João Cabral, talvez porque expresse uma realidade que conheci - ainda conheço, mas também pela genialidade, ritmo e por ser mais que u poema, umauto de Natal quese transformou em peça, mas fica melhor como poema. É imbatível. Não sei se um dia outro poeta fará algo tão belo, pungente e verdadeiro: a condição humana dissecada em versos. Todo o poema é belo, mas os versos finais são algo que ao mesmo tempo que ferem fundo, tocando na riz do problema também ilumina com uma fé sofrida na vida, apesar de severina. Vou transcrtever o final do maior e mais belo poema da língia portuguesa, segundo este véio caduco:

- Severino retirante/ deixe agora que lhe diga:/ eu não sei bem a resposta/ da pergunta que fazia,/ se não vale mais salatar/ fora da ponte da vida;/ nem conheço essa resposta,/ se quer mesmo que lhe diga;/ é difícil defender,/ só com palavras, a vida,/ ainda mais quando ela é/ esta que vê, severina;/ mas se responder não pude/ à pergunta que fazia,/ ela, a vida, a respondeu/ com sua presença viva.// E não há melhor resposta/ que o espetáculo da vida;/ vê-la desfiar seu fio,/ que também se chama vida,/ ver a fábrica que ela mesma,/ teiosamente se fabrica,/ vê-la brotar coo há pouco/ em nova vida explodida;/ mesmo quando é assim pequena/ a explosão, comoa ocorrida;/ mesmoquando éuma explosão/ comoa de há pouco, franzina;/ mesmo quando é a explosão/ de uma vida severina".

Nunca vou entender que esse poeta não seja mais divulgado junto à juventude. É uma falha abisssal. Inté.

P.S. Chico Buarque, ainda estudante, musicou a versão do poema (Auto de Natal) que virou peça, e a canção que ele gravou foi Fubneral do Lavrador, que começa assim: "Esta cova em que estás com palamos medida/ é a parte menor que tiraste em vida...". P.S. 2: Pardón por não estar muito anaimado com a copa.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 14/06/2018
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