O extremo e os extremistas

Estava partindo uma pizza que encomendei e constatei que a qualidade do pizzaiolo a gente vê, pela beira da sua, digamos, obra... A borda de tudo geralmente se destaca do centro e, normalmente é seca, sem graça, grosseira. Se você fatia finos, tem de retirar aquele fio que mais parece um plástico. Há quem goste do "bico" do pão, mas miolo apetitoso, ali não tem... Só a casca ressecada.

Voltando à pizza, você pode ver que é tão verdade essa rejeição por beiradas, que os profissionais da "cucina italiana" buscaram implementar o recheio para a borda. E olhe lá, só se for um queijo de muita qualidade para que fique saboroso aquilo que é, sem trocadilho, o "extremo" da falta de graça.

Assim também são os tais extremistas. Se você abrir o jornal ou ligar a TV, verá muitas notícias dos estragos que eles fazem pelo mundo. Os radicais são polarizados, gostam da guerra, da separatividade. São na maioria, senão todos, hipócritas. Uns cometem atrocidades em nome de Deus, como se a Fonte Inesgotável de Amor fosse incluir o que é a sua própria falta, o desamor.

Ademais, normalmente esses atiradores de pedra em telhados alheios, estão sempre com suas telhas trincadas e não justapostas, deixando que passem por elas, não a luz, porque é fraca para que possamos vê-la pelas frestas; mas o cheiro de catacumba que exala de suas entranhas pouco aeradas.

Em falar em aerado, me vem a sensação de crocrância que essa pizza me proporciona. Hummm... E não é que esse pizzaiolo é "dos bons"?

Diante a minha reflexão ao saborear essa delícia, posso entender que nem tudo está perdido e que, se tivermos um olhar atento, dá pra levar o recheio até o contorno... de tudo! Que aliás, deixaria de ser limite para ser algo vivo e mais palatável, para aquele que o mundo, sabe ler.

Cláudia Machado

15/6/18