Selvagem Capitalismo

A praga do latifúndio foi mais nociva do que a seca no Nordeste mineiro. Os latifundiários, na ganância do lucro fácil devastaram as matas, secaram os córregos, diminuíram as águas dos rios e ribeirões, tudo para criação de gado. Com isso, expulsaram os trabalhadores do campo. Jampruca nos anos 50 60 e 70, era um distrito promissor. Havia ao seu redor, pequenas propriedades. A fartura de milho, arroz e feijão era uma coisa boa, principalmente em épocas de safras, isso sem falar no comércio de frangos caipiras e de suínos. Mas os latifundiários, encostando devagarinho , incentivaram pequenos e grandes fazendeiros a semear sementes de capim- da- colônia , popularmente conhecido por “capim colonhão”, para depois comprar a preço de banana. Jampruca hoje é uma terra arrasada pelos proprietários do latifúndio, todos eles desfrutando o conforto das cidades de Governador Valadares, Teófilo Otoni e Itambacuri. Em Setembro de 2004 voltei a Jampruca para curtir a terrinha que foi do meu pai. Não existia mais o cafezal, o laranjal e o abacateiro. Era tudo capim, e o pior; capim seco. Citei Jampruca como exemplo de uma enorme região seca. O intenso comercio tinha acabado. Em um domingo, não achei um hotel, um restaurante. Nem pão consegui. O que aconteceu em Jampruca, foi a praga que abateu no Nordeste Mineiro, através dos latifundiários. O que chamei de; Selvagem Capitalismo.

Por ser uma crônica atemporal, resolvi republicada no Jornal Hora do Povo, em abril de 2007.

Lair Estanislau Alves.