E LA NAVE VA

Tenho algumas experiências negativas na Justiça – que é muito falha. Mas também sei que falha alhures. Tirante alguns indiscutivelmente notáveis e conspícuos, diversos Ministros, Desembargadores, Juízes, Procuradores e Promotores não se diferenciam dos tantos advogados que pululam neste país de bacharéis. Vinhos da mesma pipa, alguns mais, outros menos devoradores de cursos, notas, títulos e troféus, sem qualquer demérito aos inúmeros bons, por conhecimento amplo, ação firme e construtiva. Como na política, na medicina, na economia, na arquitetura, na construção civil ou nas artes. Portanto, não é novidade atacar um julgamento, um parecer ou determinado comportamento. Pode ser muito positivo. Agora, quem, por razões de servilismo partidário ou por conveniência não explícita, exulta em atacar instituições, merece o mais solene desprezo, se tão pequeno já não fosse. Acho sempre mais apropriado criticar legisladores deste país de abundantes leis, descumpridas e inadequadas, assim como gestores públicos incompetentes e carreiristas – independentemente de partidos, que se deliciam com os frutos de certas árvores em detrimento da floresta. País diferenciado, continental, macunaímico, em fase de aprendizado, mas que não é pior do que muitos outros de longa história e impressionantes vícios em suas entranhas. Desagrada-me por demais o despudor e a ridícula pretensão de supostos intelectuais botando fogo no circo. Não conhecem o palhaço ou o trapezista e jamais deram amendoim ao elefante. Apesar de tudo, “La nave va”.