Do Tempo e do Amor

Comecei a escrever uma crônica sobre o Hoje. Comecei nomeando o Presente, não me prendo ao Passado e não construí castelos no Futuro. Cometi porém um erro imperdoável: brinquei com o tempo. Ele não gostou do atrevimento. Fui castigado. O texto estava pronto, mas não salvo. Fui formatá-lo e o perdi. Não lembro mais as palavras ditas a longínquos quinze minutos. O Tempo agora é outro. O assunto vai ser outro. Não ouso mais desafiá-lo.

Acabei de perder minha criação. Vou recriar!

Não me peçam para lembrar de tudo outra vez. Não quero reviver o trauma de perder um trabalho assim sem mais nem menos por tão pouco para o Tempo.

Vou eu mudando de assunto. Vou falar de algo intangível assim como o Tempo Presente de grego ou da Carochinha.

Vou falar de Amor. Mas não há tempo. O amor é fugaz como o prazer de receber o Presente. Dura ínfimos e infinitos instantes sussurrantes e suspirantes crescentes no peito de quem ama. As mãos querem prender. As bocas calam-se no eternizar de instantes perenes de Ontem e de Amanhã insaciáveis no crivo do Agora.

O Afã e as Horas voam e nos entorpecem. O tempo nos engana outra vez assim como está me enganando agora. Terei de encerrar meu texto sem falar profundamente do Amor. Terei de arrumar outro tempo. Não creio em Cronos. Sou cronista mesmo assim. Quero um tempo sem fim. Não quero ser devorado pelo Tempo que atingiu o Céu. Meu instante dura e se acumula forte como gladiador, robusto, poderoso como general, opulento como nobres das ricas cortes. Meu instante se alimenta da leveza futura. Sou nutrido pelas emoções de antes e de amanhã agora enquanto amo esse amor eterno como Quem o criou e o mantém.

Oswaldo Eurico Rodrigues
Enviado por Oswaldo Eurico Rodrigues em 16/07/2018
Reeditado em 17/07/2018
Código do texto: T6392028
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