A festa terminou

Na maioria da vez o final é melancólico. As duas paisagens, a exterior e a interior, geralmente são desoladoras.

Assim deve ter sentido os torcedores que foram assistir os jogos da copa na Rússia. Tiveram que voltar depois de um mês, quem viu seu país campeão ou com boa classificação no torneio tudo bem, mas outros não acreditam até agora o que viram. Em lugar do brilho da véspera, seus arranjos com bandeirolas coloridas, suas fitas, tomaram outro rumo, o que virão parecia um campo devastado por uma guerra furiosa. O salão de entrevistas, na verdade, parecia um interrogatório.

Depois da eliminação, ficou difícil haver alguém que não sinta um pouco de revolta, tantos são os excessos que o espírito do jogo nos propicia. Durante os jogos aquela euforia desenfreada, só foi contida no apito final. Depois dele, nada de festa, aquele peso no estômago, uma tremenda indisposição que nos faz sentir como um navio encalhado em banco de areia. É um enfaro tão grande que, em comunicação, só conseguimos enunciar alguns clichês.

A consciência, então, como é que a consciência fica? A ciência do bem viver exige-nos moderação, muita moderação todo dia o dia todo, para que o convívio social seja tolerável ou apenas possível. Algumas pessoas, quanta seu time perde, afirmam que deixam de serem autênticos (é essa mesma a palavra que usam), que dizem tudo o que pensam. E se orgulham desta autenticidade. Outras pessoas, procuram cair na real, buscam a esportividade. Felizmente. Porque a maioria, por instinto de sobrevivência ou por educação, não sai por aí dando trombada em Deus e todo o mundo, agredindo sem necessidade, ofendendo quem lhe aparecer pela frente. Parece incrível, pois estas últimas, quase sempre, são as que mais têm do que se arrepender depois de um jogo. Se considerar a paixão pelo time como algo que vai nortear sua vida, então, a situação piora consideravelmente. Calma, daqui a quatro anos vai ter outra, não queira fazer uma tempestade por tudo isto. Não há quem não saia um pouco ofendido, com alguma mágoa engasgada na garganta. Mas bola pra frente.

Jova
Enviado por Jova em 20/07/2018
Código do texto: T6395092
Classificação de conteúdo: seguro