Devaneio Noturno

Tomada por uma ambivalência, e pontuada por um ataque de alegria bordeline, que invadiu momentaneamente meu leito, sem culpas ou pudores, a convite da lua e da nostalgia da noite que ora me proporcionava, debrucei sob a janela dos meus aposentos, onde o brilho das estrelas junto à transparência das cortinas e a penumbra, do abajur à cabeceira da cama, fez despojar-me tal qual uma Afrodite.

Deixando à mostra o que mais possuía de belo e fartos, “os seios”.

Sem amarras e sem pudor algum, fui abduzida e venerada.

Em transe me vi, alimentei-me do teu cheiro e do frescor do sândalo nas tuas vestes.

Fui transportada para o além, inebriada e enfeitiçada por essa deliciosa viagem cósmica.

Uma osmose gostosa, que me faz dizer que o amor e o prazer são dois inconscientes que se encontram, se acolhe e se escolhem pelo simples prazer do querer.

Fui, saboreei e acordei saciada, dos meus próprios devaneios noturnos.

Rio, 20/07/2018

Simone Lopes