Só não vê quem não quer

Uma pequena parcela da população brasileira sonha com a implantação de uma ditadura de direita no país. Talvez motivados por uma certa nostalgia com o período dos governos militares e acreditando que isso resolveria principalmente o problema da corrupção generalizada e afastaria definitivamente a influência do pensamento de esquerda no Brasil.

Nesse caso, teríamos que ter uma ditadura mais radical do a anterior, porque aquela não conseguiu esses propósitos. Sempre é importante lembrar que, quando o último general deixou o poder, assumiu um dos maiores bandidos que nossa Pátria Mãe gestou, o senhor José Ribamar, vulgo Sarney e que as forças de esquerda imediatamente começaram a retomar os postos perdidos durante os governos militares.

E essas pessoas que clamam por intervenção militar, não levam em conta que, apesar de termos tido alguns benefícios no período da ditadura, o Golpe de 64, como a própria expressão indica, foi obra de um ato de corrupção que se prolongou por 21 anos.

Por outro lado, existe uma outra parcela de cidadãos que, mesmo sendo avessos a todos os candidatos dos partidos de esquerda, não querem de forma alguma a volta de qualquer tipo de ditadura.

Por último, resta aqueles que têm simpatia pelos candidatos de esquerda.

Num evento que Lula participou na Faculdade de Direito da UFRJ, em 11.08.2017, demonstrando irritação em virtude de sua recente condenação em primeira instância e com o impedimento de Dilma Rousseff no ano anterior, ele declarou que: "A Dilma errou e eu errei quando não fizemos a regulação dos meios de comunicação. Eles têm que saber que eles vão ter que trabalhar muito para não deixar que eu volte a ser candidato. Se eu for candidato, eu vou ganhar e vou fazer a regulação dos meios de comunicação".

No mesmo discurso, Lula disse também que: “Eu fico me contendo, mas que direito um cidadão tem, mesmo sendo juiz, procurador do Ministério Público ou delegado com prerrogativas constitucionais, de dizer que eu roubei?".

Fica evidente que essas declarações não são de um homem que esteja preocupado com eventuais males que essas instituições possam estar causando à população. Se trata de uma questão estritamente pessoal.

Recentemente, Ciro Gomes e Manuela D’Ávila declararam em entrevista que, se eleitos para a Presidência, vão soltar Lula.

Essas declarações podem ser resumidas na frase “Não reconhecemos a autonomia do Poder Judiciário e a opinião do Presidente da República se sobrepõe às jurisprudências”.

Ora, se eliminamos a função do Poder Judiciário, para quê serviria o Poder Legislativo? Então, qual Poder restará? O do presidente.

O que se pode esperar de alguém que diz que “O Parlamento cubano se apóia em cinco pilares de uma democracia genuína e verdadeira, a saber: …”?

Quem pensa que o objetivo de se implantar uma ditadura de esquerda no Brasil foi sepultado pelos governos militares está enganado. O que mudou foi que a ditadura do proletariado foi substituída pela ditadura da pseudo-democracia.

E para que esta possa se perpetuar, ela precisa do aval dos doutrinados que devem eleger algum candidato de esquerda, mesmo que esse seja apenas um poste.

Argonio de Alexandria
Enviado por Argonio de Alexandria em 10/08/2018
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