Viagem de cabotagem

Na marinha quando se faz uma viagem em que o navio se afasta da orla mas não perde de vista o continente, die-se ser uma viagem de cabotagem. Para que haja um entendimento de onde pretendo chegar, diríamos que o navio está sendo conduzido por pessoas ainda inexperientes e que a visão do continente o orienta ao mesmo tempo em que transmite sensação de segurança.

Transportando isso para qualquer um de nós que se aventura a falar de algo que não domina, precisa, como diria minha vó Dazina, não ir tanto ao mar nem tão pouco tanto a terra.

Não importa se isso será dito numa página séria ou no face book, tanto faz, visto que está em jogo nossa credibilidade. Quem adota a errada prática do sou contra ou sou a favor radicalmente, não se dar o direito de raciocinar e termina por soltar um monte de abobrinhas coloridas.

Tirando fora o futebol onde quanto mais se goza o time adversário mais gostoso fica, qualquer outro assunto requer equilíbrio para merecer credibilidade. Nada nem ninguém é só ruim ou só bom. Quer ver: nada é mais seboso que o sebo, mas é com ele que se faz sabão; o veneno da cobra mata, mas é com ele que se fábrica o antídoto ao veneno; o espinho fura, mas é ele que protege a flor,o limão é azedo mas, a limonada é doce. Por aí vai a coisa.

Portanto: Se não sabe o que vai dizer, fique de boca fechada. Se não sabe escrever com isenção, não escreva. Se não entende de nada, estude para mudar o quadro. E comece devagar fazendo suas viagem de cabotagem antes de se aventurar em alto mar.