Pitangueixos...

O Calçadão Gutiérrez é que foi o bar contemplado da vez para sediar o encontro augustino dos pitanguienses, assemelhados e assemolhados, por sinal, bem a gosto. Mais precisamente 14/08/18.. Impossibilitado de participar desse irrepreensível conclave caliente y evangélido al mismo tiempo, que dá a face humana à ebriedade, fiquei atento, à distância, aos desdobramentos do evento. A olho-nu, é bom que se o diga. O céu é espetacular como sói nos meses de agosto, e se estivéramos no hemisfério norte a certeza - con cerveza - é que contemplaríamos todos o espetáculo grandioso da chuva de meteoros das Perseidas...

Mas certamente que esse adereço não foi necessário: na edição de ontem, as musas foram convidadas a adornar o encontro e torná-lo mais fulgurante que o nosso próprio lábaro estrelado...

Mas como eu dizia, ou escrevia, o material divulgado no transcurso, e mesmo subsequente ao encontro, foi muito limitado - o que é um bom sinal, também, pois mostrava que ao invés das zapeações sem-fim, os participantes se entregaram de copo e alma às delícias de Baco - e de Bacon, o filósofo.

Por uma dessas mensagens assinalava-se que coisa de 40 pessoas prestigiaram a reunião, o que é de fato um avanço expressivo sobre as nossas recentes edições em que essa cifra girava em torno de 20, vinte e poucos... E o número quarenta, partout, sempre foi e continua sendo emblemático. Vide a quaresma eclesiástica que corresponde aos 40 anos de sacrifício com que o povo hebreu vagou pelo deserto até achar a Terra Prometida. A sorte é que o maná caiu por lá, mas a reputação de Moisés como guia ficou afetada, tanto é que, como castigo, ele pode chegar ao destino, mas não pode entrar na Terra Prometida...

Quarenta também está na fabulosa lenda de Ali Babá, onde a parceria funcionou a contento, mesmo num grupo de duvidosa reputação. Sem querer analogia agora, devo assinalar que o ministério do Governo Temer, herdado, ou mesmo merdado no pós-Dilma, chegou a roçar as quarenta Pastas, até ser enxugado para, em seguida ganhar nova expansão no efeito sanfona...Até o Presidente do Banco Central ganhou, para obrar, o status ministerial...E quase quarenta agora passa a ser o salário de nossos Ministros do Supremo, após uma árdua batalha entre eles próprios para não deixar furar o teto dos 40...

Em Pitangui tratei de participar de outro encontro de não menor importância, fulgor e transparência, além de reconhecida senioridade, pois acaba de completar 22 anos do reinado de Brahma das terças-feiras, o Arrastão. E qual o meu desapontamento ao chegar ao Castelo do King Arthur - e de sua távola retangular, e lá não achar vivalma...

Só depois já sob a segurança iluminada da Senhora da Penha, nossa igreja pioneira, foi que me dei conta de que caindo em feriado, ou em véspera dele, os encontros são transferidos automaticamente para a terça subsequente...Dommage, eu já tinha alinhavado meia dúzia de novas piadas e até comprado ao Paulinho Mamede os seus famosos "puros", de fabriacação baiana, a quinze pratas o maço de 5, para poder aproveitar o isqueiro de graça do arrassatânico Doutor João Bosco, personagem querida de todos e a quem se atribui até a proeza da cura gay...

A caminho de casa - sem poder ao menos ter o conforto da chuva de meteoros das Perseidas - eis que me dou diante da Matriz com ninguém menos do que os Norberto Boys em animada apresentação na pseudo-barraquinha de Nossa Senhora do Pilar. Dim da Bia, Nirinho, Cuíca, Pêque, Zemaria Cuêi, Tulim da Ném, e mais outros mais jovens cujos nome ainda não sei...e que agradável surpresa: mesmo sem o seu Mestre José Norberto, esses moços estão afinadíssimos, camaradas e muito à vontade para nos devolverem em generosa medida o gosto de nossas passadas juventudes. Um show extraordinário em sonoridade, apresentação e nostalgia de montão. O público, já pequeno àquela hora estava totalmente engajado, cantando, balançando o esqueleto e aplaudindo essa plêiade de artistas que temos. Mais brilhantes seguramente do que as Perseidas, e quase, mas só quase da idade dos monstros sagrados dos Rolling Stones. E bem mais bonitos.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 15/08/2018
Reeditado em 15/08/2018
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