"Entrou por uma perna de pato, saiu por uma perna de pinto..."

Dia desses, folheando alguns livros num "sebo" do Recife, me deparei com uma seleta de histórias que se contava antigamente nas noitadas sentados em cadeiras nas calçadas, nos alpendres das casas e em torno das mesas da sala de jantar, estórias (ou histórias) que maravilha adultos e deixava a criançada de orelha em pé e cabeos arrepiados, principalmente as célebres Histórias de Trancoso.

Lendo avidamente algumas dessas estórias recordei imediatamente, na hora que nem caldo de cana, do tempo de menino quando ouvia essas narrações pela boca de familiares e de especialistas, os contadores arretados de histórias,, aqueles que até munganga faziam e imitavam as vozes dos personagens. . Algumas deles ainda permanecem na minha mente e no meu coração. São recordações que de certa forma influiram na minha personalidade, pois muitas delas encerravam conselhos morais e construtivos, coisa que hoje inexiste nas redes de televisão.

Vou fazer uma confissão: ainda hoje fico com medo de filmes ou romances com estórias de assombração. É que, menino, eu ouvia esse tipo de narrativa e, claro, ficava tremendo que nem vara verde e com o cabelo arrepiado. Sempre fui mofino para o item assobração. Mais: ua das maneiras de fazer com que eu ficasse quieto era e ameaçar com os monstros e almas penadas das etórias de asombração.

Mas o qe me deliciava eram as histórias das Mil e ua Noites, as narrativas de Sherazade, contadas pelos experts da época. Ai Babá, Simbad, o marinheiro, Aladi e a Lâmpada Mágica... Havia uma velha que era o cão chupando manga contando essas histórias, ela, juro, até fazia mungangas e imitava as vozes dos personagens. Fazia mais: alteravaas histórias, introduzia personagens, enfeitava o maracá, enfi, a velha era uma babambã na arte de contar estórias.

Outra recordação que li na seleta, no sebo, foram istorinhas que era costume contar às crianças antes delas dormirem ou para elas dormirem, alguas delas adormeciam antes do final da historinha. Mas isso acabou, as crianças de hoje ficaram privadas desse costume sadio, foram entregues à tevê que como todos sabemos, subverte, pervete e intoxica as crianças com histórias violentas e, não raro, escandalosas. As crianlas ficaram privadas de um costume e tradição sadios.

Pessoalmente tentei contar historias às minhs filhas e aos netos, mas diferente do pessoal do tempo antigo e principalmente da velha senhora de Arcoverde, nunca tive talento nnhum, oralmente sou um zero à esquerda, talvez escrevendo até desse pro gasto. E volto a confessar: uma das minhas grandes frustraç~es é nao saber cantar, tocar, contar anedotas e nem histórias de Trancoso.

Mas ficou entranhado em mim as histórias e causos de antigamente, vibro com quem ainda ytentar continuar essa tradição, sempre lembro que a velha terminava a estória dizendo: "...E entrou por uma perna de pato e saiu por uma perna de pinto, Seu Rei mandou contar mais cinco". Inté.

P.S. Não comprei o livro no sebo porque estava se desmanchando e faz mal a minha asma, passando a vsta nele ainda espirrei muito. Mas o rsponsável pelo sebo vai mandar xerocar.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 18/08/2018
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