Somos importantes , sim.

Quando chegamos a " calle" (rua) Encarnación, número 10, em Cádiz, disse à minha mulher; " Nasci nesta casa", mais exatamente nesta janela aqui, o quarto dos meus pais. Naquele tempo a maioria nascia de parteira, e foi a Sra Glória que ajudou no parto.

A minha prima e o marido estavam conosco e ficaram olhando com atenção, sabiam que era um momento único para mim, e tiramos uma foto de recordação. A rua estreita de cidade europeia,tipo calçadão , a poucos metros da praça Mina, onde costumava brincar na infância, e próximo ao cais do porto.

O marido da minha prima ainda chamou o dono da casa , um senhor magro de seus quarenta anos , e lhe explicou que eu havia nascido ali e que tinha vindo do Brasil e tal, se poderia permitir entrar por alguns minutos apenas, mas ele não quis, não se sensibilizou com a história, para ele isso não significava nada. Só o olhei com desapontamento , agradeci e saímos caminhando até a praça, quando uma bola rolou aos meus pés, e vieram crianças atrás dela. A chutei de volta e agradeceram, por um "flash" me vi de novo criança.

A cidade permanece igual sempre, principalmente no centro antigo ( Casco Viejo) , onde nascera, não se permite alterar, está tombado, as pessoas são obrigadas a preservar com o rigor da lei, que é dura nesse sentido. A casa é muito antiga, com mais de duzentos anos, e está intacta.

Eu entendi aquele senhor, mas eu teria permitido a visita, teria me sensibilizado , isso não é comum, será que não percebeu isso ? A nossa vida é importante sempre, damos valor à nossa história , e a minha é rica de acontecimentos, densa.

Não podemos esperar que as pessoas sejam como nós somos, seria esperar demais !

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 20/08/2018
Código do texto: T6424461
Classificação de conteúdo: seguro