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Você tem razão, meu amor!
 
-Você tem razão, meu amor!
Foi com humildade que o Hilário aceitou as acusações da mulher, Não que fossem graves, como traição ou algo assim. Coisas do dia a dia, não deixar os utensílios no lugar, dar uma varrida quando o chão estivesse sujo... enfim ajudar na casa.
Não adiantou, porém. Pela terceira vez ela começou a enumerar os defeitos que ela via no marido. Ele sempre tinha sido assim, relaxado, relapso. O pobre homem chegou a pensar em falar “Por que casou comigo, então?”, mas sabia que as consequências seriam fatais. Assim que ela terminou mais um relatório, ele quase sem pensar, falou de novo:
-Você tem razão, meu amor!
-É só isso que você sabe falar? Nã adianta admitir, tem que mudar, prestar atenção... E enumerou mais alguns defeitos do pobre marido. Ele pensou em sair, bater a porta e voltar mais tarde. No entanto, sabia que, quando voltasse, ia ser pior. Nem prestou atenção no que ela falava agora, só pensava em alguma frase diferente que pudesse bolar, uma frase de efeito, que a fizesse calar. Pensou em várias, todas ruins. Quando percebeu que ela tinha dado uma  pausa, soltou:
Você tem razão, meu amor!
Só então percebeu o trágico erro que tinha cometido. Mais uma vez a mesma maldita sentença!
De fato, a ira dela se tornou imensurável. Praticamente gritava. Só sabe falar isso, só sabe falar isso... repetia com fúria feminista. Foi para o quarto e bateu a porta com tanta violência - Hilário nem sabia que ela tinha tanta força – que um quadro caiu e até um pozinho do forro também. E ela continuou gritando, gritando, incompreensivelmente, lá dentro.
Hilário, um pouco mais aliviado, suspirou. E antes que percebesse, falou , mais uma vez, quase num sussurro a maldita oração:
-Você tem razão, meu amor!
 
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 À  procura de Lucas
 
 
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 30/08/2018
Código do texto: T6434501
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