RETRATOS DA VIDA... *

Fora sempre uma mãe extremamente dedicada às intermináveis tarefas do lar; sempre que possível, executava algum trabalho que ajudava no orçamento doméstico.

Fora agraciada por quatro filhos; - dois meninos e duas meninas. – um deles, exigia mais atenção e cuidados, pois tinha necessidades especiais. Dedicara a este filho, muito afeto, paciência, jamais o deixara sem freqüentar uma escola especial, que proporcionou uma vida quase dentro da normalidade.

Na infância dos filhos, houve períodos de dificuldades financeiras, até que o esposo conseguiu uma colocação no Estado, com uma melhora considerável de rendimentos; trabalhara com pouca rentabilidade, num local anexo a uma oficina mecânica, com consertos de radiadores.

Com esta nova atividade, houve uma considerável melhoria nos rendimentos, com benefícios que não tinha, na condição de autônomo.

O local de trabalho, não era Curitiba, mas de uma cidade portuária bem próxima da Capital; normalmente vinha na sexta feita à noite e regressava no domingo à tarde; esta rotina ocorreu até aposentar-se.

Os filhos estudaram no CEFET; fazendo o Segundo Grau profissionalizante; o que proporcionava ao estudante no término do curso, a exercer sua profissão, em vista que no início dos anos 70, o país, estava havido de mão de obra especializada, conseguiu rápida colocação, ele numa multinacional e ela num setor Estatal de telecomunicações.

Estes empregos na época ofereciam uma boa remuneração, lhes dando uma relativa tranqüilidade financeira, desde o início de suas atividades profissionais.

O Filho mais velho se casara e o mesmo ocorreu com a filha.

Ela, que já criara os quatro filhos, de repente, passa a ter a responsabilidade de criar duas netas; visto que a filha se separara, e adquiriu um imóvel bem perto de sua mãe, o que facilitava a locomoção das duas meninas.

O tempo passa célere para todos; a vida em si é como se fosse um livro, em que as páginas são rapidamente viradas, no qual cada um grava suas vidas; e de repente se está na última página, que é o acaso da existência terrena...

O marido depois que se aposentou não permaneceu muito tempo em casa; comprou uma chácara, numa cidade da região metropolitana, mensalmente o Banco retirava um valor de sua aposentadoria em benefício da esposa e dos filhos; - a filha mais nova e o filho, que sempre carecia de uma escola especial. – este valor não era o correto, em proporção ao que o mesmo recebia, durante longos anos pacientemente sofreu, sem queixas e lamentações.

Mais tarde, o filho com necessidades especiais, falece, - tinha um pouco mais de 40 anos. – foi para ela um duro golpe, visto haver elos afinidades entre ambos.

O marido após passar anos em Casa de Repouso, pois exigia permanente atenção e cuidados médicos, em face da doença de Alzheimer; onde a filha mais nova zelava constantemente, para que nada lhe faltasse; repentinamente vem a falecer.

A filha tinha procuração para receber e administrar os proventos do pai; pouco sobrava para a mãe; havia as despesas médicas, medicamentos e o custo mensal da sua estadia.

A partir daí, sem estas despesas, passa a ter uma melhor condição financeira, no acaso de sua existência; esta filha que passa a ser sua única companhia consegue um bom emprego que somado aos proventos da mãe, passam a ter uma relativa tranqüilidade financeira.

Neste meio tempo as duas netas, criadas pela avó e os permanentes cuidados da tia, se formam. Uma é Engenheira Civil e a mais nova Advogada. Conseguiram colocação com relativa facilidade.

A mãe, quando faltavam dois anos para se aposentar, - a Estatal tinha sido vendida. - foi demitida, junto com centenas de funcionários.

Não sabendo administrar o dinheiro recebido, a mãe quitou parte dos carnês do INSS, para que pudesse se aposentar.

Em dado momento, sem qualquer motivo que justificasse, se afastaram da mãe, e da tia, evitando qualquer tipo de diálogo. O que provoca uma situação fora do comum, depois de anos de dedicação e afeto ilimitado, recebem como recompensa a ingratidão; a avô está acima de 80 anos e a própria tia, companheira de todas as horas, é realmente uma situação inusitada; seriam as antipatias do passado que despertaram? Cremos porem, que nada justifica, pois Deus, na Sua Sabedoria Infinita, nos aproxima na parentela corporal, para que estes laços a tudo superem, apagando, assim, quaisquer resquícios de mágoa ou ressentimentos do pretérito; na certeza que somente o exercício do Amor Pleno, nos liberta e está acima de qualquer tipo de antipatia do passado, pois a ingratidão é uma das atitudes que mais lesam nossas almas...

*Há uma belíssima mensagem no livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.XIV; “A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família”; de Santo Agostinho, Paris 1862

Curitiba, 11 de novembro de 2009- Reflexões do Cotidiano- Saul

http://mensagensespiritas.vilabol.uol.com.br/

*Esta singela crônica foi escrita em 11 de novembro de 2009; portanto já se passaram 9 anos, neste meio tempo a tia que nos referimos já passou para o lado de “lá”, sempre nos lembramos dela em nossas orações diárias... Quanto ao provedor, já faz alguns anos que deixou de existir. Foi o primeiro Site que eram colocados nossos textos; dependíamos da colaboração de um amigo, pois fazer esta tarefa era extremamente complicada... hoje é 12 de setembro de 2018. Agradeço pela paciência de ler. Um abraço amigo. Saul

Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 12/09/2018
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