Sambista Anônimo

Não, não vou tratar de política, acho que é preciso de vez em quando virar o disco, embora nunca vá me omitir do debate, nao por partidarismo, mas porque acho que é preciso a gente fazer a nossa parte, conscientemente pensando apenas no país e no futuro das novas gerações. O Brasil que eu quero é um Brasil de paz em que meus netos tenham oportunidades e vivam dignamente, sem violência, um país justo, sem exclusão social. Um país livre de qualquer ameaça fascista ou de qualquer espécie. Um Brasll fraterno, indepedente, solidário e avesso ao autoritarismo e à violência.

Bom, saindo dos entretantos e entrando nos finalmentes, vamos ao tema desta maltraçada. Sempre que vejo e ouço alguém cantando e tocando, nos locais mais surpeeendentes, até nos siais de trânsito, debaixo de árvores, nos batentes de prédios, em botecos do morro, no escambau, eu paro e presto atenção, ouço e aplaudo. Adoro esses músicos e cantores anônimos que estão fora do mercado, que talvez nunca apareçam na mídia e nem toquem nas rádios, mas que nunca desistem de lutar pela sua arte. É o seu sonho, é a sua vida, a razão do seu viver. Acho arretado, não raro até marejo os olhos de emoção. Juro.

Ontem, na Praça da Jaqueira, aqui perto do prédio que moro, havia alguns rapazes e moças num banquinho tocando e cantando. Algumas pessoas paravam mas logo iam embora, não davam nenhuma atenção. Fz ustamente o contrário fiquei ouvindo, cantaram e tocaram várias músicas conhecidas, especialmente da MPB, o básico, Chico, Caetano, Milton, Marina Lima, Renato Russo, Rita Lee etc e coisa e tal. Mas um rapaz, de uns 25 anos, olhou para mim e disse: - Vô, em homenagem a você que está snos prestigiando, vou cantar um sambinha de minha autoria, "Vida". Cantou, ele mesmo se acompanhando ao violão e as moças e rapazes fazendo o corinho. Fiquei surpreso com o samba. Não que fosse uma jóia, um clássico, um biscoito fino, mas gostei paca porque parecia aqueles sambas de iniício de carreira de Paulinhoda Viola e orge Aragão. O cara canta e toca muito bem. Está no anonuato porque o mercado é difícil, o novo talento nãotem vez, a não ser com o empurrão de um graúdo. Gostei tanto do samba que anotei a letra na caderneta, ele declamou para mim bem devagarinho. Infelizmente não tinha gravador. Mas vou ao morro procurar o rpaz para gravar para mim o samba. Fiquei impressionado. Vou transcrevera letra:

"A vida/deve ser vivida/ longe do rancor/ plena de alegria/ sem hipocrisia/ focada no amor// Não cultive o ódio/ nem recorra à vingança/ faça da esperança/ um santo remédio/ defenda a liberdade/ viva de verdade// Viva a vida/sem entar em bola dividida/ nunca dê chutão/ ouça o seu coração// A vida...".

Fico triste que não exista um esforço dos órgãos públicos para ajudar esses artistas anônimos. Há dinheiro para se torrar e política, para os banqueiros, mordomias mil para graúdos, há até auxílio aluguel para quem tem casa própria, mas não há estímulo para os jovens artistas. Vao continuar anÕnimos. Infelizmente. Ah, Brasil. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 18/09/2018
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