DAS PERDAS
Guida Linhares 

As perdas fazem parte da trajetória existencial. Elas tem o poder de nos fazerem repensar palavras, atitudes e escolhas, principalmente quando existe o outro lado, em que temos de levar em consideração o nosso jeito de ser com as verdades contidas no outro ser. 
Não vamos falar das perdas materiais, como roubos e outras perdas em que alguns sonhos são desfeitos, alguns propósitos não vingam, algumas ações não são bem interpretadas.
Vou falar das perdas afetivas que realmente calam fundo em nosso coração, quando se trata de familiares ou amigos, com os quais nos indispomos por algumas razões em que os pontos de vista diferentes se chocam, provocando o desconforto. 
Estas perdas costumam ser bem doloridas, porque nem sempre o familiar some da nossa vista, assim como nem sempre o amigo se encontra a tal ponto distante, que não cruzamos mais com ele, seja nos ambientes sociais, ou profissionais ou nas redes sociais.
Dirão alguns que evitar qualquer contato é o melhor que se tem a fazer, ao considerarmos a perda como efetiva, porém nem sempre isso ocorre. Muitas vezes, no meio do caminho tem a pedra do orgulho, que faz com que um dos lados se afaste, e a situação fica como sendo inacabada e mal resolvida
Pensando bem, talvez a perda pela morte não seja assim tão sofrida, porque quem parte deixa saudades e apesar de não estar mais diante de nossos olhos, está guardado no coração.
Mas a perda em vida deixa um gosto amargo na boca, por algo que se fez ou se deixou de fazer, pela incompreensão do outro lado, pela impermanência do afeto que antes parecia eterno, enfim é uma perda que se deveria perder de vista. E se consegue????
Só o tempo trará o esquecimento necessário para que todas as feridas cicatrizem e não haja mais no horizonte existencial, aquele dolorido episódio, deixando apenas o aprendizado de mais uma sábia lição da escola da vida. 

Santos/SP/Brasil 
06/09/18

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