Um dia de Inferno Astral
A pessoa, eu, vive com pressa, que até a sexta-feira 13 chega adiantada. Se liga, essa foi minha quinta-feira! Saio de casa para ir à Botafogo pegar um documento. Resolvi ir de bus. Tranquilo! Horário bom, sem trânsito, ar condicionado, escutando minha playlist, chego bem. Na volta, bus novamente. Passaram logo três, escolho o com ar condicionado. O ônibus, o 456. Ligo para meu filho, que foi assaltado na madrugada de segunda para terça, marco dele me encontrar no Shopping para comprarmos seu iPhone novo. Já que os miliantes fizeram o favor de levar o que ele tinha. Desligo, o celular toca, é uma amiga, iniciamos um papo sobre a vida. Logo percebo que o ônibus faz um trajeto diferente. Deixo a amiga falando sozinha e pergunto para a pessoa a minha frente qual o número do ônibus. 486! Putz! Peguei o bus errado. Desço sem saber bem onde estou. Vejo que a amiga ainda está na linha, desligo na sua cara. Sorry, amiga! Ligo para o filho me esperar em casa. Descubro com uma vendedora de balas que estou próximo a rodoviária e que em um tal terminal tem o 606 que passa no Méier. Já no 606, me sentindo segura, certa de que chegarei bem em casa, ligo para a amiga para continuarmos o papo. Depois resolvemos continuar pelo WhatsApp. Coloco o fone de ouvido para embalar as mensagens. Amarradona! Em certa hora, já na Tijuca, entram dois meninos no bus e não passam pela roleta. Em pé, ao lado do motorista, falam alto, gesticulam, gritam pela janela. Eu, na minha, escutando música, percebo que todos na frente levantam e caminham até a saída. Olho para trás e vejo que todos os outros fazem o mesmo. Tiro um fone do ouvido e pergunto o que está acontecendo. O ônibus vai ser assaltado, me respondem. Abre a porta motorista! Abre a porta motorista! Escuto aos berros. Começa o empurra empurra. A porta abre, descem caindo e correndo cada um para um lado, em um vai e volta bizarro. Histeria coletiva! Eu permaneço parada, olho para a frente e vejo os meninos com cara de assustados, que descem também correndo com medo, sem saber de quem, nem do quê. Um volta e sobe por trás. Eu olho para o motorista e falo: Bora! O ônibus não vai ser assaltado. Alguns voltam antes da partida e sobem novamente. Logo na frente vejo pessoas correndo atrás do ônibus porque esqueceram seus pertences por saírem desesperadas. Descubro que o assalto supostamente seria protagonizado pelos meninos que estavam na frente esperando o motorista parar o ônibus para que subissem por trás. É de dar dó! Enfim, em casa, falo para o meu filho que hoje não é meu dia que não vou ao shopping com ele. Ele responde: Vai sim, nem que seja em Uber diferente! Piada sem graça. Fomos no mesmo Uber. Já no Shopping, vestida com um vestido longo, desço a escada rolante, tenho o bendito preso nela. Viro estátua! Um senhor puxa com toda força! Escuto "trec", vestido todo rasgado. Ele, sem graça, se desculpa dizendo que eu poderia ser sugada. Ok, valeu pela ajuda! Paro, faço uma prece, continuo. Compramos o celular. Decidimos comer no Koni. Mereço! Peço o Uber de volta e escuto: Pede dois. Pô, tô com um iPhone novinho! Piada sem graça novamente. Voltamos no mesmo. Em casa, ainda antes de dormir, pedimos sandubas com batatas e Coca-Cola pelo ifood. Comemos. Vou deitar e recebo mensagens pelo WhatsApp de um cara me confundindo com sua amante, argumento que não sou ela, ele insiste que estou brincando. Oi? Logo depois a esposa vem me xingando! Surreal! Acreditam ainda que sou a amante! Sério isso?
Bem, faço minha prece de costume. Agradeço o dia, por estar em segurança, pelos quilos a mais, pelo passeio com o filho, pela sua felicidade com o iPhone irado, pelo vestido que será curto agora (sustentabilidade), pelo senhor que me ajudou e pela serenidade ao passar por tudo isso! Tive uma noite de sono tranquila. Acordei respirando normalmente, já fiz as unhas na manicure e aqui estou contando a história procês!
Dia movimentado, não?