Dá mais do que chuchu na cerca

Todas as vezes que eu passo por ele, ele está lá, subindo pelas paredes. Por certo, excitado com o sol, ou pela umidade de um dia chuvoso, de garoa, chuva torrencial, ou simplesmente frio, nublado. Enfim, o que eu quero dizer, é que para ele parece não existir tempo ruim. A começar pelo local onde ele fincou suas raízes. Mesmo que tenha sido eu o responsável por tê-lo plantado ali, naquele chão duro, e não necessariamente uma escolha sua: ele não se importou. Acho. Seu objetivo, desde o início, estava claro: alastrar-se por todos os cantos possíveis.

Eu acompanho diariamente sua escalada, ou frustro ela, quando acho necessário. Ou seja, pego ele pelo ramo, lhe digo mentalmente, “ei, por ai não, amigão”, e o coloco em outra direção. Esses momentos são mágicos, pois, assim que o disponho, geralmente em cima de um dos ferros fincados por mim nos tijolos da parede, ele passa lentamente, quase que imperceptível, a enrolar suas “antenas dianteiras” para se segurar noutro lugar, e continuar se expandindo.

Espero que ele dê mais do que chuchu na cerca. Minha mãe faz um refogado que é uma delícia.

Tiago Torress
Enviado por Tiago Torress em 21/09/2018
Reeditado em 04/09/2021
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