Pavão e Amor

Dia desses ouvi um metido a intelectual dizer numa livraria que a crônica era um gênero menor. Uma tremenda besteira. A crônica, apesar de um gênero mais popular e também datado, noves-fora um monte de crônicas antológicas, é uma arte que merece respeito e que dignifica a literatura. Eu diria que o Brasil é um dos países em que a crônica mais destacou. Vou dar um exemplo: um dos maiores escritores do Brasil em todos os tempos, Rubem Braga, só escreveu crônicas. Braga escreveu um gênero menor? Era só o que faltava. Poderia elencar um monte de grandes escritores que cultivaram o gênero crônica como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Clarice Lispector..., mas vou apenas para ilustrar o qu estou dizendo transcrever uma equena crônca de Rubém Braga que acho uma jóia literária e que nos leva à refexão sobre muita coisa na vida. Esis a crônica:

O PAVÃO

Rubem Braga

"Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor e suas cores, é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, coo um prisma. O pavão é um arco-iris de pluma.

"Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz o seu esplendor, seu grande mistério é a simplicidde.

"Considerei, por fim, que assim é o amor, oh, minha amada, de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luzde teu olhar. Ele me cobre de glóriase me faz magnífico".

Como a crônica poeria ser um gênero menor? Por outro lado, essa crônica é muito verdadeira. Linda. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 09/10/2018
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