Marionetes sem alma

Curiosas as estrepolias que vida dá.

Parece que tem planos estratégicos que não divide com ninguém.

Quando menos esperamos traz à tona algumas surpresas totalmente fora do script.

E revira o jogo do avesso infinitas vezes.

Nessas horas, o que parecia morto, abre os olhos.

O que ser dizia perdido, aflora com vigor de menino.

O que todos julgavam lixo, ecoa feito ouro.

A vida não passa de uma gozadora, que faz gato e sapato dos indícios, que faz tudo acontecer só do jeito que quer.

A gente, incautos passageiros desse vagão infestado de mistérios, somos pegos de surpresa a toda hora.

Essa tal vida fica só vendo o nosso desespero por constatarmos a nossa plena incapacidade de gerir os estalos que pretendemos dar.

A nossa infinita impotência diante o que virá no próximo passo.

Somos amadores nesse jogo com regras trancafiadas a sete chaves.

Nos achamos carregados de experiência, capazes de discernir entre o certo e errado, com alvará para dar as cartas ao nosso bel prazer.

Que nada.

Será a vida que dará a palavra final, veredicto sem direito a recorrer às estâncias superiores. É aceitar ou aceitar.

Por mais que teimarmos em vestir a carapuça de mandantes da nossa alegoria, no final do pleito a vida terá todos os méritos e créditos.

Somos apenas míseros coadjuvantes nesse circo.

Marionetes sem alma ou vida própria.

Quando cai essa ficha, paramos de dar murros em ponta de faca sem parar.

Abaixamos a cabeça e deixamos que a vida segure nossas rédeas, até quando bem entender.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 10/10/2018
Reeditado em 10/10/2018
Código do texto: T6472104
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.