Marionetes sem alma
Curiosas as estrepolias que vida dá.
Parece que tem planos estratégicos que não divide com ninguém.
Quando menos esperamos traz à tona algumas surpresas totalmente fora do script.
E revira o jogo do avesso infinitas vezes.
Nessas horas, o que parecia morto, abre os olhos.
O que ser dizia perdido, aflora com vigor de menino.
O que todos julgavam lixo, ecoa feito ouro.
A vida não passa de uma gozadora, que faz gato e sapato dos indícios, que faz tudo acontecer só do jeito que quer.
A gente, incautos passageiros desse vagão infestado de mistérios, somos pegos de surpresa a toda hora.
Essa tal vida fica só vendo o nosso desespero por constatarmos a nossa plena incapacidade de gerir os estalos que pretendemos dar.
A nossa infinita impotência diante o que virá no próximo passo.
Somos amadores nesse jogo com regras trancafiadas a sete chaves.
Nos achamos carregados de experiência, capazes de discernir entre o certo e errado, com alvará para dar as cartas ao nosso bel prazer.
Que nada.
Será a vida que dará a palavra final, veredicto sem direito a recorrer às estâncias superiores. É aceitar ou aceitar.
Por mais que teimarmos em vestir a carapuça de mandantes da nossa alegoria, no final do pleito a vida terá todos os méritos e créditos.
Somos apenas míseros coadjuvantes nesse circo.
Marionetes sem alma ou vida própria.
Quando cai essa ficha, paramos de dar murros em ponta de faca sem parar.
Abaixamos a cabeça e deixamos que a vida segure nossas rédeas, até quando bem entender.