Réplica da Padroeira

Em cima da mesinha que escrevo as mihas maltraçadas há uma imagem de Santa Águeda, a Padroeira de Pesqueira e outra de Nossa Senhora do Menino de Praga. Em Pesqueira, em cima do meu velho birô, há uma estátua de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil e outra do Padre Cícero do Juazeiro. Detalhe: mesmo não sendo religioso, de vez em quando peço força a eles. Juro.

Hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil. Adoro a história da a imagem original dela, foi achada por humildes pescadores em 1717. Milhões de brasileiros acreditam e são féis a ela. Não sou religioso, mas me incluo dentre eles. E isso se deve a uma espécie de arrependimento e redenção, por causa de auma besteira que fiz, nada demais, mas me arrependi. Sou um homem do povo e não poderia nunca ter cortado o barato dele certa ocasião.

Vamsos ao fato. Houve um tempo que, aos sábados, eu apresentava um programa na Rádio Jornal de Pesqueira, das onze às treze horas. Imaginem apresentar um programa de debates com uma voz baixa e horrível completamente antimicrofônica. E o danado do programa era campeão de audiência. Motivo: eu diz certas verdades que o povo queria ouvir. Bom, numa certa época houve uma perignação da imafem de Nossa Senhora da Aparecida por diversas cidades brasileiras. Uma delas foi Pesqueira. No dia da visita, uma sexta-feira houve a maior concentração religiosa da terra em todos os tempos. Era gente demais. A imagem chegou em cma de carro de bombeiros trazida pelo Cardeal Dom Aloísio Lorscheider, v[arios carrsos da polícia, até um helicópteros sobrevoava a cidade. Fiquei olhando de longe porque sou alérgico a multidões.

Bem, no outro dia, no sábado, quando cheguei para fazer o programa já havia uma fila de funcionários da rádio e outras pessoas para tomar a benção e beijar o anelão do Cardeak, que ali estava para ser enrevistado por mim. Qando o último beijou o anel do Cardeal, ele me viu escorado numa parede e foi até lá e estirou a mãozona com aquele anelão. Ficou com ela no ar, eu lhe disse que anão era católico. Elegante e democrata ele disse que era algo natural, que possuia vários amigos não católicos, mas que tinha certeza que eu era cristão.

Fomos ara o estúdio, depois da apresentação, fiz a primeira pergunta, um pergunta que ou eu fazia ou engasgava: - Dom Aloísio, ontem vi o senhor com a imagem nas mãos, em cima do carro de bombeiros, muita segurança, até cordão de isolamento, e achei que deveria ser por causa da imagem. Pergunto: essa imagem é a original que fica no santuario ou é uma replica? O Cardeal fcou meio sem graça, mas era um homem sério, um Combatente da Liberdade e da Democracia, não podia faltar com a verdade. Resondeu: - Não, não é a original, é uma réplica. Então procrou justificar e que o importane ra a fe e etc e coisa e tal. Daí em diante entramos na qestão nacional, no que combinavamos, o Cardeal era da Teoogia da Libertação, afinado com Arraes e outros líderes de esquerda. Depois que terminou, na saída, ele me disse que fora um dos melhres debates que participara. Generosidadedele. Quanto aaos religiosos do lugar muitos ficaram cm raiva. Se o tempo voltasse não fara essa pergunta, não servu para nada, a não ser cortar o barato da maioria dos féis. Ainda hoje me arrependo. Mas tenho certeza que a santa já me perdoou. Quem não se perdoou fui eu. Juro. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 12/10/2018
Código do texto: T6474486
Classificação de conteúdo: seguro