Com licença.

Eu tentei ficar longe dessas discussões sobre o processo eleitoral. Porque é muita baixaria, mentiras e violência. Me faz mal ver a ignorância dos humildes explorada pela ganância dos falsos religiosos, verdadeiros lobos em peles de cordeiro.

O nome daquele candidato, eu não pronuncio. Nem partilho notícias com a imagem dele nas minhas redes. É maligno, como uma invocação.

Esse momento está para além do plano material. O mal radical pôs os seus olhos sobre o Brasil. E ele não vai desistir enquanto não devastar as nossas terras, secar nossas fontes, matar nossas almas. Ele se utiliza da descrença, do pessimismo, da grande mídia que muda de discurso conforme as pesquisas de intenção de voto. Eu quase acreditei na ilusão de que, se ficasse quieta, viveria a minha vida em paz. Mas não existe paz na omissão. Não quero, como no poema de Brecht, dizer "agora estão me levando, mas já é tarde". Não. Eu não aceito me identificar nem com a primeira estrofe. Eu li o Manifesto Comunista de Marx e Engels. Sei qual é o papel do povo, o nosso papel, quando os líderes mundiais disputam o poder. Eles querem que fiquemos uns contra os outros. Que nos matemos. Assim será mais fácil se apoderar do nosso país, das nossas riquezas, da Amazônia, da maior reserva de água doce do planeta. "Dividir para governar", Maquiavel alertou ao povo faz tempo. Mas disseram que "O Príncipe" era um livro do mal. E quem não leu, ou leu e não compreendeu, acreditou.

Mas quem me fez sair da minha zona de apatia foi o pai de um grande amigo. Alguém que não temeu a própria Morte. Candido Portinari. Quando estava pintando os painéis "Guerra e Paz", uma grandiosa obra hoje exposta na ONU, os médicos proibiram-no de continuar o trabalho devido ao envenenamento pelo chumbo presente nas tintas. Mas Portinari seguiu sem medo (ou com medo mesmo), sabendo que a mensagem de "Guerra e Paz" duraria mais que sua própria vida.

Eu não sou uma ilha. Sou as minorias, as excluídas, sou as mulheres negras e pobres, sou indígena, sou Marielle, Irmã Dorothy, sou Marias e Clarisses, sou as gays, as trans, as desalentadas, as mortas pelo feminicídio. Não é só por mim. É por todas nós. #HaddadManu13

Srta Vera
Enviado por Srta Vera em 13/10/2018
Reeditado em 12/12/2018
Código do texto: T6475534
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