A história é interpretação, imaginação e construção

Para Adam Schaff, o historiador por trabalhar com conceito de verdade, deve contestar e promover interpretações contraditórias de um mesmo acontecimento histórico. Pois toda história segundo Collingwood, é uma história do pensamento.

A história é interpretação, imaginação e construção. É visível que o historiador coloca o seu ponto de vista aparecendo o subjetivismo e o juízo de valor, pois o historiador escolhe o que é importante para ele e não para a história. Schaff nos mostra que para construir a história do passado devemos usar a imaginação, porém a nossa imaginação não pode ocupar a realidade do passado.

O filme “Uma cidade sem passado”, é uma obra cinematográfica que coloca em discussão as problemáticas da contemporaneidade voltada a memória história, que em muitos momentos é silenciada ou esquecida. O autor Michael Verhoven trabalha com uma linguagem clara e sucinta para que os telespectadores compreendam a importância da história para o registro da memória social, política, econômica e individual de cada membro que compõe uma sociedade.

Enfatizando a importância da história enquanto memória de uma sociedade, seja ela vivida na particularidade ou na coletividade dos processos de um grupo que registra e constrói os padrões ético-sociais de um determinado espaço e tempo histórico.

A história tem vários ângulos, precisamos conhecê-la em seus diversos víeis, sendo imparcial, burilando a história dos vencidos e dos vencedores. Chimamanda Ngozi Adichie, pragmaticamente promove em seu discurso uma fala desbestializadora, eliminando o etnocentrismo, a visão eurocêntrica construída ao longo dos inúmeros processos de colonização, pontuando e desterrando os estereótipos da história da humanidade.

Como podemos ver, o trabalho de construção da história está entrelaçado com a representação e a hermenêutica; e o papel do historiador é olhar, ouvir e escrever. Um verdadeiro trabalho antropológico que visa propriamente dito sugar as informações, das diversas fontes orais, tradições de grupos, etnias e sociedades. Elementos fundamentais para a construção do passado, algo que aprofunda na memória, na oralidade, no passado distante e próximo para romper com os limites da história.

O historiador deve analisar de forma analítica e empírica as fontes, não considerando a memória trabalhada uma arma X, pois podemos encontrar problemáticas relacionadas com a memória seletiva a qual é influenciada pelo meio, além da subjetividade, do etnocentrismo, do eurocentrimo e da universalização de uma única história que erroneamente é trabalhada por diversos historiadores.

Portanto, o processo historiográfico caminha na direção de uma complexidade, porém com problemáticas profundas, pois “o passado, a história, nunca podem ser repesados ou refutados tal como aconteceu”.

Referências

Adichie, N.C. "A Essência das Coisas Não Visíveis" CONFERÊNCIA ANUAL - TED GLOBAL 2009 - 21 A 24 de julho, Oxford Reino Unido .fonte: http://arquivo.geledes.org.br/em-debate/colunistas/4902-chimamanda-adichie-o-perigo-de-uma-unica-historia

RÜSEN, J. Razão histórica: fundamentos da ciência histórica. Brasília: UNB, 2001.

SARTRE, J. P. O Ser e o Nada. São Paulo: Paz e Terra, 1986

SCHAFF, A. História e Verdade. 3º Ed. Lisboa: Editorial Estampa, 2000.

Dhiogo J Caetano
Enviado por Dhiogo J Caetano em 14/10/2018
Código do texto: T6475766
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