Viva os cabelos brancos!

A vida muda a cada milésimo de segundo. Troca de cenário, de contexto, de atores. Às vezes faz mudanças sutis, outras vezes a reviravolta é brutal. Muitas vezes não percebemos isso ou não damos muita bola. E tudo vem acompanhado do boleto, tudo terá um "custo", não precisando ser necessariamente dinheiro. Também por vezes ignoramos ou não damos muita importância pra isso. A experiência que só o tempo proporciona faz a gente perceber as coisas desse ângulo. Passamos a observar as mudanças das peças do jogo com maior exatidão. Passamos a compreender o custo envolvido em tudo. Quando isso é clarificado, os problemas se minimizam, porque entendemos que dificuldades fazem parte do custo, do aprendizado que buscamos. A moçada, tão ávida por colocar o mundo nas mãos, não dispõe dessa arma no seu arsenal. A moçada, tão cheia de disposição pra enfrentar o que estiver no seu caminho, não tem os calos que quem já ralou muito tem de sobra. Amadurecer tem seu lado chato, nem tudo será gostoso, mas traz no bojo o lastro das vivências conquistadas. Isso ninguém compra e ninguém arranca de quem já tem. Quem teima em só ver a coisa de um lado, desprezando sua contextualização, desprezando o que está nas entretelas dos fatos, nas vísceras do que rola, ficará à mercê do acaso, da sorte, da surpresa. Já quem se dispõe a fazer valer uma visão macro, recuando a câmera para que pegue todo conjunto e não somente uma parte da cena, vai caminhar com maior certezas e acertos. Mesmo assim poderão ter surpresas, porque existem componentes que fogem à nossa razão, faz parte do show. Mas a massa principal de ingredientes estará diante dos olhos, passível de ser entendida e administrada com eficiência. Ainda bem que temos o ano-após-ano pra nos abastecer dessa percepção privilegiada. Ainda bem que nos concederam o direito de amadurecer e envelhecer. Ainda bem mesmo. Viva os cabelos brancos!