Memórias de um faroleiro I

Era como num sonho. As águas do mar cintilavam à luz do sol que refletia na pele morena dela. A mulher sorria como criança, tinha os olhos fechados mostrando as covinhas na face reluzente que vez ou outra sumia nas ondas, escapando do alcance daqueles braços tão acostumados áquele litoral.
Ele ria da falta de habilidade dela e a esperava, guardando certa distância para salvá-la em seguida, quando ganhava um longo beijo que lhe aquecia a alma mais que a exposição aos raios solares tropicais.
Quem observava via o amor na sua plenitude, sentia a emoção daquele encontro e se alegrava com a alegria deles.
Assim foi até a tardinha, quando ela, com os braços voltados para o céu, se ergueu sobre o mar e voou para longe como se fosse uma gaivota. Ele ficou ali, bem onde há um rochedo, olhando para cima, imóvel com seus olhos brilhantes... Agora era um farol que sinalizava o rumo dos navegantes que haveriam de voltar e também marcava o reduto das fantásticas sereias que povoavam os sonhos dos marujos do lugar.


Conto surreal
Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 14/10/2018
Reeditado em 15/02/2019
Código do texto: T6476112
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