Fetiche das Massas

Festa da democracia, as eleições... Era outubro, a primavera se iniciara e a maioria da sociedade estava convidada para a festa. Eleição para presidente da república.

Entretanto, já havia tempo que a sociedade, fora acometida de doença. Sim, as sociedades, assim como os indivíduos, adoecem...

Esse tipo de doença já acontecera: restrita a outros estados; e, também, com amplitude nacional. Acontecera, também, em outros países. Recordando: no Pará, o “baratismo”; no Rio, o “brizolismo”; no Brasil, o “getulismo”, na Argentina, o “peronismo” na atualidade, na América Latina, essa doença é de fácil diagnóstico: na Venezuela, o “chavismo”; e no Brasil, o “lulismo”.

Doença que contém idolatria e fanatismo ao líder carismático, ao qual se atribui poder sobrenatural ou mágico e, portanto, nada mais justo que cultuá-lo. Espécie de fetiche de parte representativa da sociedade: o populista, político acima de qualquer suspeita, o imaculado, puro e, praticamente, santificado.

Populismo é conjunto de práticas políticas, que consiste no estabelecimento de relação direta entre as massas e a liderança política carismática. Muito mais caracterizado pelo modo de exercer o poder, contato direto com as massas, do que por acúmulo de dividendos por: resultados históricos de gestão: e comportamento ético. No contato direto com as massas, o estabelecimento de vínculo emocional que, geralmente, descamba, para o passional: idolatria e fanatismo.

Erich Fromm, pesquisador da natureza humana e das sociedades contemporâneas, deixa claro: a sociedade não tem somente função supressora, mas também função criadora; a natureza do homem, suas paixões e ansiedades, é produto cultural; a natureza humana tem fatores fixos e imutáveis, dentre eles a necessidade de satisfazer impulsos fisiologicamente condicionados e a de evitar o isolamento e a solidão.

O pesquisador sobre a liberdade do homem e das sociedades contemporâneas afirma, ainda: quanto mais o homem evolui para sua individualidade é convocado a escolher entre unir-se ao mundo na espontaneidade do amor e do trabalho produtivo, ou regredir à segurança por meio de vínculos com o mundo que lhe impeçam a conquista da liberdade, a individualidade.

A renúncia à liberdade e à individualidade percebe-se quando o indivíduo busca segurança por meio de vínculos á pessoa, ou poder, que considera irresistivelmente superior.

Faz parte dessa doença os impulsos sádicos e masoquistas. O sadismo visa ao poder absoluto, sobre outra pessoa. O masoquismo visa à desintegração da pessoa absorvida por poder esmagadoramente forte , mas que, em contrapartida, participa de sua força e da glória deste. Essa “união perfeita” sadomasoquista é provocada por interesse comum entre as partes: a incapacidade de cada um sustentar-se só e de superar essa solidão.

Ilustra bem essa fala de Goebels, líder nazista: “às vezes a gente se vê presa de uma profunda depressão. Só se pode vencê-la quando se está uma vez mais face às massas. As pessoas são a fonte de nosso poder”.

A sede de poder sobre outros homens e a ânsia de submeter-se a poder irresistivelmente forte, são fatores presentes nessas “uniões perfeitas”. Quando da segunda guerra mundial, estavam presentes nas sociedades alemã, italiana e japonesa, certamente, doentes.

Para reflexão e análise comparativa, destacamos a seguir informação dada por César Benjamim, coordenador da campanha de Lula em 1994, em entrevista ao Programa Canal Livre da BAND, em 31/07/2005 e trechos das falas da presidente do PT, do discurso de Lula, lido pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalgh e o encerramento do discurso de Haddad, em 11/09/2018, quando da confirmação da chapa petista à presidência – Haddad – PT e Manuela D’Ávila, PC doB.

Informação de César Benjamin: “O Lula nunca foi um quadro orgânico. Ele sempre teve seus esquemas pessoais na vida interna do PT, que culminou na formação do Instituto da Cidadania, anos depois. Um esquema paralelo que seus amigos mais íntimos frequentavam. Esse esquema pessoal do Lula começou a gerenciar quantidades crescentes de recursos e isso foi um fator decisivo para que o grupo político do Lula obtivesse a hegemonia dentro do PT e CUT... “

Importante destacar que a informação merece mais do que crédito, pois outra, no mesmo programa, está mais do que confirmada: “Estamos diante de um grupo que estava montando dentro do governo Lula o que talvez pudesse vir a ser o maior esquema de corrupção já conhecido. Se pegarmos os fios e juntarmos, teremos um conjunto de entidades, instituições e empresas públicas e privadas que é assustador. Aparece no Banco do Brasil, na Petrobrás, nas verbas de publicidade, nos fundos de pensão. Esse esquema tem complexidade e permanência no tempo.”

Trechos da fala da presidente do PT Gleise Lula Hofman:“... A luta por Lula se confunde com a luta pelo povo brasileiro...”; e “Como ele (Lula) apresentou e determinou, estamos aqui apresentando Fernando Haddad como REPRESENTANTE DE LULA para presidente.”

Trecho da fala de Lula, em discurso lido pelo Advogado Luiz Eduardo Greenhalgh: “... Nós já somos milhões de “lulas” e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros...”

Encerramento da fala de Fernado Haddad , num brado: “LULA LIVRE”.

Não foi nossa intenção elaborar um estudo acadêmico, mas montar simples linha de raciocínio, tomando como base afirmativas de reconhecido pesquisador da natureza humana e das sociedades contemporâneas..

Reconhecemos que, pelos fatos doentios manifestados, sem qualquer constrangimento, nosso esforço perde em seu sentido. Entretanto, além de ratificar o fácil diagnóstico, conseguiu demonstrar, também, a facilidade de chegar ao mesmo diagnóstico da sabedoria popular, por meios acadêmicos.

A conquista da individualidade é nosso destino, mesmo que muitas vezes, retrocedamos à segurança de vínculos primários, o que leva a, por exemplo, esse tipo de doença social.

Endereços de textos relacionados:

TESTEMUNHO DE ELEITOR DEPENDENTE

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/6091374

O MITO GREGO NARCISO E OUTRO, BRASILEIRO

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/6242085

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SEGURANÇA OU LIBERDADE

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SEPARAÇÃO HUMANA

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2151264

J Coelho
Enviado por J Coelho em 16/10/2018
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