Humilhação, desonra e morte

Sempre lembro uma frase de Cervantes: "Um homem desonrado é pior que um homem morto". É uma verdade abissal. Mas vou avançar: o homem humihado é quase um desonrado, é quase um morto. Dói muito ver e testemunhar a dor de uma humilhação. E sempre o humilhado é o mais fraco, o pobre, o injustiçado, o oprimido, o excluído. Aquele que não raro lhe cassam até o emprego (com a reforma trabalhista isso é frequente). Lembro os vrsos de uma canção de Gonzaguinha, "Guerreiro Menino", magistralemnte inerpretada por Fagner: "Um homem se humilha/ Se castram seus sonhos/ Seu sonho é sua vida/ E vida é trabalho/ E sem o seu trabalho/ O hmem nao tem honra/ E sem a sua honra/ Se morre, se mata".

Poderia contar muitos casos de humilhações que testemunhei e em alguns tive que intervir ou adoeceria, ganehei desafetos para toda a vida; nutros não pude ganhar esse prêmio. Sim, prêmio porque quando reajo a uma humihação mesmo a terceiros que às vezes nem conheço, é como se ganhasse u prêmio. Juro. Não me seguro quando testemunho uma humlhação e fico triste quando nao posso intervir. Detesto quem humiha os outros, seja quem for. É covarde, é alma sebosa, mnão é gente, é coisa.

Certa vez, no tempo da dtadura, eu já era bancário, devia ter uns 21 anos, tive que ir ao cartório tratar de um problema referente à sinscrião de uma cédula rural. Quando cheguei tve que esporar algum tempo sentado num banco que havia antes da sala do cartório porque estava havendo uma audiência trabalhista. Um operário da poderosa Fábrica Peixe havia recorrdo à justiça porque fora demitido e a indenização nao fora paga nos conformes, algo nessa linha. Nesse tempo as audiências trabalhistas eram realizadas no cartório e pelo juiz de direito, nao havia ainda a Junta Trabalbista. O operário estava sentado à frente do juiz, de cabeça baixa, como se fosse um réu, era exigência do magistrado, e do lado dele o advogado do sindicato, do Recife, apenas fazia um faz de conta, não se empregavaa fundo. Mas parece que num lapso de lucidez ou de ética profissiona, falou algo a respeito da soma da indenização. O juiz rodou a baiana, parecia um siri, mandou o operário/réu levantar a cabeça e urrou com raiva: - Cabra, você tá pensando que a Peixe precisa dos seus miseros tostões? Era só o que faltava! Você vai sim resceber esses trocados, mas sem extra, agora desapareça e leve com você esse advogado de causas perdidas. Os dois sairam quase correndo. Uma humilhação. Fiquei revoltado, mas estava na saleta, era novo, nao tive como reagir, mas saí contando o caso em todo canto. O juiz soube, mas nunca me interpelou. Juro que torcia por isso. Só que algum tempo depois fui denunciado à direção do banco como sendo comunista. A denúncia foi assinada pela nata da sociedade. Não deu em nada porque um padre da igreja, parente meu, que nao simpatizava com minhas idéias interviu e desmoralizou a denúncia. Não recebi nem advertência. E continuei abrindo o bico.

Detesto humihação, não sei calar ante esse absurdo, esse atentado contra a honra do homem e da muher. Quem humilha o próximo um dia vai se acertar perante Deus. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/10/2018
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