Reflexões de um professor

Não sou filósofo, sociólogo, historiador ou analista político. Sou um mero professor de Língua Portuguesa e Literatura com parcos conhecimentos de Língua Inglesa. Então, o que se encontrará aqui são simples reflexões acerca de nosso momento atual. Portanto, não têm nenhuma pretenção de verdade absoluta. Aliás, quem a isso se pretende já começa a declinar.

Pretende-se há algum tempo a implantação, por parte de nossa classe política, do que se chama "Projeto Escola Sem Partido". Analisando friamente, é fácil perceber as falácias de quem defende essa ideia. Escola, em especial a pública, não faz doutrinação nenhuma. Isso não é permitido por lei. Da maneira como colocam, dá a entender que a esmagadora maioria dos docentes praticam este ato repugnante. Este argumento é fraco porque em 23 anos de profissão eu nunca vi classe mais heterogênea ideologicamente, pois nem para as nossas lutas conseguimos uma união de fato.

Segundo, se há segurança na educação ética, moral, religiosa e ideológica que é fornecida pelo núcleo familiar, por qual motivo há de se temer o que a escola transmite? O que o Escola Sem Partido quer é, na realidade, uma escola de partido único é repressor da capacidade de reflexão. Se os defensores de ideia tão estapafúrdia tivessem algum conhecimento de história da educação, veriam que a escola sempre esteve a serviço de alguma ideologia e sempre foi da escola que saíram os questionamentos sobre o status quo.

Outra coisa que apareceu recentemente é a defesa de um Estado não laico e baseado em ideias ditas "cristãs". Mas Cristo em algum momento disse que os diferentes deveriam ser combatidos e proibidos de se manifestarem e exercerem sua fé? De novo a ignorância: não praticam deliberadamente ou desconhecem as ideias de quem dizem seguir.

Também estes falsos religiosos ignoram a História. Deveriam estudar o que resulta um Estado Teocrático revisitando a Idade Média e alguns governos extremistas da atualidade. Querem apenas impor seus ideais nada cristãos.

A Escola e o Estado devem continuar laicos e livres para continuar contemplando e respeitando toda a diversidade humana em todo e qualquer setor.

O direito de um termina quando o respeito ao outro é violado.

Cícero - 25/10/18

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 25/10/2018
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