microcrônica-SÓ OS COXINHAS

Triste ver quando pessoas odeiam a si mesmas. Triste ver a música popular, as chamadas "manifestações da cultura" de hoje fazendo críticas ao comportamento de seus pais e avós.

O fato é que recebemos tanto conhecimento através das gerações que nos precederam, que talvez tenhamos sentido algo como inveja de tão grandes feitos.

Veja, por exemplo, no cinema: filmes como E.T., O exterminador do futuro, de Volta para o futuro, etc,.

Considere o fato, ainda que não te agrade de tais temas, de que esses filmes se tornaram padrões para as gerações posteriores de roteiristas, modelos de construção de seus roteiros, como garantia de sucesso.

Manuais foram escritos para explicar tanta genialidade.

Na música dos anos 80 também vemos esse fato, de forma parecida. Diversos músicos, em todos os cantos do mundo, surgiam com música de altíssima qualidade.

Mas o motivo de minha tristeza não foi tanto da constatação dessa situação até óbvia ao entendimento de todos. Essa coisa de reconceituação da vanguarda etc etc.

Longe disso. Acredito que isso não tenha volta. É uma tendência da chamada "nova crítica social".

Mas o meu motivo foi um tanto pessoal, mais sensível mesmo.

Foi quando vi o clipe chamado "Só os cochinhas" da Marina Lima. Eu quase chorei. Mas chorei não por ela, mas pela musicalidade, pelo tema que escolheu, resultado do caminho que essa cantora de tão alta qualidade musical seguiu.

Choro também pela constatação de que ela representa uma parcela de músicos que se revoltaram contra si mesmos.

Aquele versículo bíblico famoso: "Amar ao próximo como a ti mesmo" talvez tenha se apagado do coração deles.

Triste, Marina, muito triste, porque você também é a própria cochinha.

Ame sua história. Ame a si mesma. E amarás ao próximo.

Precisamos de que esses agentes da cultura voltem, saiam dessa falta de amor próprio.

Talvez do que o Brasil mais precise e sinta falta é de gente com o amor próprio restaurado.

Alexandre Scarpa
Enviado por Alexandre Scarpa em 03/11/2018
Reeditado em 03/11/2018
Código do texto: T6493533
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