A Noite dos Cristais consistiu em uma onda de agressões contra judeus em várias regiões da Alemanha e da Áustria em nove de novembro de 1938.
Com a ascensão de Adolf Hitler do nazismo ao poder, na Alemanha, em 1933. O projeto de subjugação e eliminação das “raças inferiores”, em especial dos judeus, já era uma ideia fixa para Hitler antes mesmo de ele ascender ao poder. Para levar a cabo seus projetos antissemitas, o nazismo precisava, primeiramente, espoliar e expropriar os judeus-alemães (e de outras nacionalidades que ficaram sob influência do III Reich, como a Áustria) de todas as suas propriedades e imensa riqueza. Para tanto, muitos métodos foram empregados antes que sobreviesse a chamada “solução final” com os campos de extermínio em câmaras de gás. Um dos métodos mais chocantes foi o pogrom empreendido na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, que ficou conhecido como “A Noite dos Cristais”.
Na noite de 9 de novembro de 1938 teve início a onda de violência contra os judeus em todo o Reich  Alemão com queima de todas as sinagogas. Precedidos por mortes e retalahamento de Judeus em dois dias precedentes, na França com a morte do jovem judeu polonês Herschel Grynszpan, de 17 anos morto por Ernst vom Rath, um diplomata da embaixada alemã na França que gerou protestos em toda a europa conta o III REICH e antecipou os planos de Aldolf Hiltler.



Embora os ataques parecessem expontâneos, como se fossem uma revolta natural da população alemã contra o assassinato de um oficial daquele país por um adolescente judeu em Paris, na verdade, o ministro alemão da propaganda, Joseph Goebbels, e outros líderes nazistas haviam organizado os pogroms [OBS: chacina dos judeus] cuidadosamente, muito antes deles acontecerem. Num período de apenas dois dias, mais de 250 sinagogas foram queimadas, cerca de 7.000 estabelecimentos comerciais judaicos destruídos, dezenas de judeus foram mortos, e cemitérios, hospitais, escolas e casas judias saqueados, tudo ante a total indiferença da polícia e dos bombeiros [e da população]. Os pogroms ficaram conhecidos como Kristallnacht ou "Noite dos Cristais" [OBS: também “Noite dos Vidros Quebrados”], devido aos vidros estilhaçados nas vitrines das lojas, sinagogas e moradias de judeus.

 
 
Na manhã seguinte, 30.000 judeus alemães do sexo masculino foram presos pelo “crime” de serem judeus, e enviados a campos de concentração onde centenas acabaram morrendo. Algumas mulheres judias também foram detidas e enviadas para prisões locais.

Estabelecimentos comerciais de propriedade de judeus não puderam ser reabertos, exceto os que passaram a ser gerenciados por não-judeus. Toques de recolher foram impostos, limitando as horas do dia em que os judeus podiam sair de suas casas.

 
Após a “Noite dos Cristais”, a vida de adolescentes e crianças judias na Alemanha e na Áustria se tornou ainda mais difícil: além de serem barrados em museus, parques e piscinas, também foram expulsos das escolas públicas. Os jovens, assim como seus pais, passaram a viver totalmente segregados naqueles países. Desesperados, muitos judeus cometeram suicídio. As famílias judias desesperadamente passaram a tentar sair da Alemanha e da Áustria.
A Noite dos Cristais (Kristallnacht, ou ainda, Reichkristallnacht) é considerada um “pogrom” por ter sido um processo de destruição de patrimônios judaicos, como lojas, casas e sinagogas, e de agressão (com mortes) contra judeus. A palavra “pogrom” é de origem russa e significa “devastação”, “destruição”. Tal palavra passou a ser utilizada na década de 1880, na Rússia czarista (que também era antissemita), para indicar os ataques perpetrados pela polícia do Czar contra os judeus que lá havia. Muitos judeus emigraram da Rússia no fim do século XIX com o objetivo de fugir dos pogroms, que, mesmo após a Revolução Russa, de 1917, continuaram a ser promovidos pelo regime comunista. Essa palavra passou a ser utilizada, no século XX, para descrever qualquer tipo de ação semelhante contra os judeus, fosse na Rússia, fosse fora dela.
Mas o que provocou a Noite dos Cristais? O estopim para os atentados na noite de 9 para 10 de novembro de 1938 foi o assassinato do diplomata alemão Ernst vom Rath, na cidade de Paris, no dia 7 de novembro do mesmo ano. Gryzpan foi assassinado por um jovem judeu de 17 anos de idade chamado de Herschel Gryszpan. O ato de Gryszpan teria sido uma resposta à deportação de sua família por ordem do III Reich. Esse ato foi um subterfúgio para que um dos mais destacados ministros de Hitler,  Joseph Goebbels, articulasse uma ação devastadora contra os judeus como forma de retaliação. Como deixa claro o historiador Philippe Burrin, em sua obra Hitler e os judeus:
Depois de se entrevistar com Hitler, Goebbels pronunciou um discurso no qual deu a entender que uma onda de terror teria de responder a esta agressão dos judeus contra o Reich. Na mesma noite, desencadeou-se o pogrom mais inacreditável de que se teve notícias na Europa ocidental em vários séculos, provocando cerca de 100 mortes e a destruição de milhares de casas e centenas de sinagogas. A polícia prendeu e enviou para os campos de concentração cerca de 30 mil pessoas, escolhidas entre os judeus ricos; eles foram liberados nas semanas seguintes em troca da promessa por escrito de emigrar imediatamente. 

 
DATAS IMPORTANTES
 
28 DE OUTUBRO DE 1938
JUDEUS POLONESES EXPULSOS DA ALEMANHA

 
Cerca de 17.000 judeus poloneses foram expulsos da Alemanha e obrigados a retornar à Polônia. No entanto, eles também foram proibidos de pisar em solo polonês, e a maioria dos deportados ficou sem ter para onde ir, em uma terra de ninguém entre a Alemanha e a Polônia, perto da cidade de Zbaszyn. Entre eles estavam os pais de Herschel Grynszpan, um judeu de origem polonêsa, de 17 anos, que vivia com seus tios em Paris enquanto aguardava tornar-se maior de idade para emigrar para o futuro Estado de Israel.

7 DE NOVEMBRO DE 1938
DIPLOMATA ALEMÃO BALEADO EM PARIS

 
O jovem judeu polonês Herschel Grynszpan, de 17 anos, atirou em Ernst vom Rath, um diplomata ligado à embaixada alemã na França. Este ato de Grynszpan é atribuído ao seu desespero com o destino de seus pais, à míngua em uma área perigosa situada entre a Alemanha e a Polônia. Os nazistas usaram o incidente para incitar o fervor antissemita alemão, divulgando em todas as mídias que Grynszpan não havia agido sozinho, que ele fazia parte de uma grande conspiração judaica contra a Alemanha. Vom Rath morreu dois dias depois.
 
9 DE NOVEMBRO DE 1938
JOSEPH GOEBBELS EXIGE UMA ATITUDE RADICAL

 
O ministro alemão da propaganda, Joseph Goebbels, fez um inflamado discurso antissemita para os fiéis membros do Partido Nazista em Munique, que estavam reunidos para comemorar a tentativa fracassada do Nazi Putsch de 1923 (a primeira tentativa de Adolf Hitler de tomar o poder). Após o discurso, os oficiais nazistas ordenaram que as Tropas de Choque (SA) e outras formações do Partido atacassem os judeus e destruíssem suas casas, escolas, estabelecimentos sociais e comerciais, bem como suas casas de oração, as sinagogas. A violência contra os judeus continuou até a manhã do dia 10 de novembro, e o evento ficou conhecido como Kristallnacht, a “Noite dos Cristais” [também conhecida como a Noite dos Vidros Quebrados]. Nas manifestações pelas ruas [pogroms], dezenas de judeus foram linchados pelas multidões alemãs, e dezenas de milhares foram presos e enviados para campos de concentração.
 
12 DE NOVEMBRO DE 1938
NAZISTAS MULTAM COMUNIDADE JUDAICA

 
O estado nazista aplicou uma multa de um bilhão de Reichsmarks(cerca de US$ 400.000.000) à comunidade judaica da Alemanha. Após o pogrom, os judeus foram obrigados a limpar a cidade e consertar os estragos feitos pelos vândalos alemães. Eles foram proibidos de reivindicar às seguradoras o ressarcimento pelos danos às suas pessoas e propriedades. Ao invés disto, o governo confiscou os pagamentos que as seguradoras deveriam ter pago aos judeus. A partir daquele pogrom, os judeus foram sistematicamente excluídos de toda a participação na vida pública alemã.
 
De acordo com o censo de junho de 1933, o número de judeus na Alemanha consistia em aproximadamente 500.000 pessoas. Os judeus representavam menos de um por cento do total da população alemã de cerca de 67 milhões de pessoas.

Diferentemente dos métodos padrão de recenseamento, os critérios nazistas, codificados nas Leis de Nuremberg de 1935 e nos decretos subsequentes, identificavam os judeus conforme a religião praticada pelos avós de um indivíduo.

Consequentemente, os nazistas classificaram como judeus milhares de pessoas que haviam se convertido a outras religiões, inclusive padres e freiras católicos romanos e sacerdotes protestantes que tinham avós judeus.

Oitenta por cento dos judeus na Alemanha (cerca de 400.000 pessoas) tinham cidadania alemã. O restante era composto em sua maioria por judeus poloneses, muitos deles nascidos na Alemanha e com status de residentes permanentes.
Ao todo, cerca de setenta por cento dos judeus na Alemanha viviam em áreas urbanas. Cinquenta por cento do total viviam nas dez maiores cidades alemãs, incluindo Berlim (160.000), Frankfurt am Main (26.000), Breslau [hoje Wroclaw, na Polônia] (20.000), Hamburgo (17.000), Colônia (15.000), Hannover (13.000) e Leipzig (12.000).

 
OUTRAS DATAS IMPORTANTES
ESTABELECIMENTOS DE PROPRIEDADE JUDAICA

 
Naquele dia, às 10 horas da manhã, por toda a Alemanha, membros das Tropas de Choque (SA) e das SS (a guarda de elite do estado nazista) permaneceram em frente a lojas e outros estabelecimentos para informar ao público [e atemorizar a quem resolvesse entar] que aqueles negócios eram conduzidos por judeus. A palavra Jude – “Judeu” em alemão – passou a ser pichada nas vitrines daqueles estabelecimentos, e uma Estrela de Davi pintada em amarelo e preto era colocada nas suas portas. Sinais anti-semitas acompanhavam aqueles slogans. Em algumas cidades, membros das SA marcharam pelas ruas entoando gritos de guerra anti-semitas e canções partidárias. Em outras, junto com o boicote veio a violência física. Em Kiel, um advogado judeu foi assassinado. O boicote terminou à meia-noite, mas boicotes locais continuaram por grande parte da década de 1930.
 
15 DE SETEMBRO DE 1935
INSTITUÍDAS AS LEIS DE NUREMBERG

 
No comício anual do Partido, os nazistas anunciaram novas leis, as quais tornavam os judeus cidadãos de segunda classe e revogavam a maioria dos seus direitos políticos. Além disto, os judeus foram proibidos de casar ou ter relações sexuais com pessoas de "sangue alemão ou similar". A “infâmia racial”, como estas relações passaram a ser denominadas, tornou-se infração penal. As Leis de Nuremberg definiam um “judeu” como um indivíduo com três ou quatro avós judeus ou que era praticante do judaísmo. Consequentemente, os nazistas classificaram como judeus milhares de pessoas que haviam se convertido a outras religiões, inclusive padres e freiras católicos romanos e sacerdotes protestantes que tinham avós judeus.
 
“Noite dos Cristais” ou “Noite dos Vidros Quebrados”. Pelo menos 100 judeus foram mortos e 30.000 foram presos e confinados em campos de concentração. A “arianização”, o processo de transferência dos negócios de propriedade de judeus para os “arianos”  “ A raça” inventada pelos nazistas para classificar a eles mesmos... foi acelerada após o massacre.
Autor: Judd W. M. Mendes, texto traduzido pelo mesmo e publicado no Jornal Haaretz em Israel hoje em hebraico - Imgs Google.
Enviado por Judd Marriott Mendes em 09/11/2018
Reeditado em 09/11/2018
Código do texto: T6498944
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