VENDE-SE UM ÍDOLO

Não, você não está lendo errado, o título é este mesmo. Há inúmeros tietes (aquelas criaturas meio malucas e ruidosas) que acabam “vendendo” seus ídolos... e por uma bagatela. Provavelmente, você questionará o porquê desta afirmação, ou desejará saber que loucura é esta que estou dizendo. É, na verdade, uma reflexão que remete a um tipo de relação, por vezes, de amor e ódio.

Eu Explico: em 8 de dezembro de 1980, um norte-americano chamado Mark Chapman efetuou 5 disparos à queima-roupa contra o Beatle John Lennon, levando-o à morte. Chapman alegou que Lennon blasfemou contra os princípios de sua fé religiosa em diversas canções, e que por este motivo, fez o que fez. Como explicar esta atitude tresloucada?

Na visão perturbada desse tiete, (que atualmente cumpre pena de prisão perpétua) seu ídolo era algo seu, uma parte sua e este não tinha o direito de ir contra os seus princípios, cujo teor julgava sagrados. É um tipo de fanatismo que pode gerar, como de fato gerou, desfechos insanos e em boa parte dramáticos.

Há também casos de violência de um ídolo contra o seu fã, quando este último recebe um empurrão devido a uma aproximação forçada, ou mesmo ouve uma ofensa ou xingamento. Há outros casos cujo ídolo rejeita ou esnoba seu tiete, desenvolvendo a partir deste episódio uma inversão de sentimentos que pode macular de vez uma tietagem de décadas.

Ou ainda situações de intensa intimidade que podem banalizar e quebrar o encantamento do fã para com o seu ídolo. Este tiete, percebendo que o tem nas mãos, conversando, interagindo, tocando, sentindo seu calor, seu cheiro... sempre que quiser... vê ruir diante de si tudo que sempre o moveu.

Qual a utilidade de um pôster, uma peça de vestuário exótica ou um fio de cabelo se o personagem inteiro está em seu colo? Por esta razão ele o vende, banalmente, por preço de banana e busca uma nova aventura com uma nova entidade. E aí? Vende-se um ídolo, quem vai querer?