UNIVERSO PARALELO.

O dia exato eu não me lembro, perdoe-me os leitores, talvez fosse o final da década de noventa, também isso não importa. Basta apenas dizer que nestes últimos dias eu fui tomado por recordações do passado, em uma dessas recordações, o que eu vi aconteceu na década de noventa. As demais recordações foram de tempos distantes, lembranças essas empoeiradas no canto da memória que resolveram aparecer de um jeito nada convencional. Não queira uma explicação lógica que não saberei respondê-los o motivo desses repentinos lapsos e visões do passado.

Acontece que, durante essa semana, passei por alguns problemas de saúde, e, como todo trabalhador brasileiro, tive que enfrentar minha jornada doente, claro que, trabalhar doente não é nenhuma novidade a nenhum de nós Brasileiros, no entanto, essa semana foi diferente. Digamos que a dor foi mais intensa, a luta mais demorada, para tanto que, a minha derrota estava na iminência de ser anunciada.

“Havia muitas pedras no caminho”, diria Drummond, dessa vez as pedras eram grandes, e algumas delas me feriram profundamente. É difícil falar da dor, da angústia, da vontade insana de 'chutar o balde', de 'pisar no tomate', e 'enfiar o pé na jaca', mas… A razão prevaleceu sobre o coração, colocando tudo nos eixos — pelo menos por enquanto.

Voltando ao raciocínio de início, durante essa tempestade, se é que posso usar essa expressão, durante essa específica tempestade, minha mente se viu em um redemoinho temporal, voltando algumas vezes a diversas situações do passado em um tipo de visão, e retornando logo em seguida ao tempo presente. Para que os senhores compreendam essa loucura toda; meu objetivo não é lhes contar os detalhes das lembranças — Isso vai ficar para outra ocasião — A coisa estranhíssima que me ocorreu, em plena jornada de trabalho, foi ter uma espécie de apagão mental, coisas de segundos. E nestes inexplicáveis segundos eu ficava em estado de quase hipnose, por assim dizer, tendo que ser 'literalmente' sacudido pelos meus colegas para voltar ao normal. Os colegas assustados perguntavam:

— Ei, tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

— Não aconteceu nada — eu respondia logo em seguida — não aconteceu nada, eu estava distraído, não foi nada.

Isso aconteceu algumas vezes no trabalho, e várias delas em casa. Ainda estou tentando entender aquilo, pode parecer coisa simples, afinal, quem nunca teve isso. Porém, no meu caso, foi de uma intensidade absurda. Eu podia ver as cenas diante de meus olhos, ouvir as pessoas, sentir o cheiro das coisas, tudo em questão de segundos, como se eu estivesse em um universo paralelo, ou qualquer coisa assim. Seja lá como foi, ou o que foi aquilo, confesso que assustou bastante. Essa sem dúvidas foi uma semana pra lá de maluca.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 12/11/2018
Reeditado em 12/11/2018
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