UM BRINDE AOS VIVOS

No dia dos mortos vou saudar aos vivos, os filhos, e também aos netos (que ainda não tenho); vou saudar aos meus dias vindouros, porque o motivo de viver é seguir, e se morremos é por estarmos vivos, então vamos à vida...

Reverenciando os que já se foram, pelas lições, pelo exemplo, pelas boas lembranças, afinal, só existem agora dentro da gente. Não devemos sofrer mais pelos finados, certamente, livres deste corpo cheio de bactérias, fungos e vírus – a batalha é nossa agora, vencer o invisível.

Quero me apossar do “É” da vida, como diz Clarice Lispector, do “Momento-Já”, quando a roda de pneu toca o chão, quando o raio atinge o solo. Ali está o agora, o resto é passado e o após, incerto.