ouvir e escutar

Aprendi do meu antigo mestre (quando ainda era religioso) que um dos fundamentos a ser apreendido e seguido é saber escutar, ou seja, muito além de um sentido de ouvir como uma condição física presente na maioria dos animais, escutar denota uma expressão que está muito além do físico, embora esta seja, igualmente, uma expressão. Bem! Mas, porque estou escrevendo isso? Hoje não tenho condições de me alongar e, por isso, mesmo venho a este pensamento. Algo que está relacionado ao fato de você acordar numa pela manhã de segunda-feira e, simplesmente, não conseguir levantar. Por horas, senti que tenho ossos e músculos, que para funcionarem bem precisam está no lugar. Uma dor insuportável que me impediu de levantar. Escutei minha voz numa limitação da própria condição física. Escutei o estalar a cartela do comprimido se romper no afã de que alguma coisa voltasse a mesma condição de algumas horas atrás. Escutei o barulho da agua descendo pela minha garganta e, depois, apenas o liquido frio que transportava o analgésico. Fiquei assim toda a segunda-feira.

Queria entender as razões de uma crise tão severa de coluna. Claro que nunca vou entender porque não sou médico. Na verdade o que pretendia era escutar alguma coisa que me indicasse qualquer ideia que pudesse somar a minha limitação, momentânea mas limitação. Daí lembrei disso: a lição do meu antigo mestre: escutar. Mas escutar a quem? Escutar a mim, óbvio? Acredito que vá demorar um pouco até que eu fique 100%, Tomei uns anti-inflamatórios, mas acabei de jogar o resto no lixo. Vou para os naturais. Também, aumentei a suspensão da moto. Sou alto, pesado e ando numa motinha que mais parece um velocipe quando estou em cima.

Ah! A outra coisa que escutei é que estou cansado. Quem disse isso foi meu corpo. Disse de maneira severa: "Cuide-se!" Disse, também, que não é só da condição física que tenho que cuidar, mas das coisas que não importantes para mim. às vezes brigamos, lutamos, damos a vida por alguma coisa que julgamos importante, mas do outro lado, pessoas que estão em nossa volta não tem as mesmas crenças, o mesmo espírito de entrega, então, o mais comum é que você seja sugado até o dia que seu corpo te fala algo. Nessas horas não basta só ouvir. É preciso saber escutar.