Quando D. Formosa desceu do trem, olhou para um lado, depois para outro. Esfregou os olhos ainda cansados do sono da noite, sono sentado. Apesar de sentir o cheiro forte que a madrugada tinha deixado, precisava saber das horas certas, afinal o encontro fora marcado para nove e meia. Olhou para cima, à procura de algum relógio, desses que marcam o tempo dos homens.
Encontrou um, mas não conseguia entender que horas marcavam aqueles "pauzinhos" - I, II, III, IV -.
Ficou quase possuída - Que diabos era aquilo!?
Ela que conhecia os segredos dos nascimentos, das entre vidas, das mortes, da terras, das medidas para o amor e o ódio, sentiu-se um pano sujo.
- Que diabos era aquilo no relógio!? Sabia ser relógio, só não fazia entendê - lo.
Perguntou para o rapaz, que carregava malas, com medo de que, ao invés de responder, apontasse para o maldito relógio.
- Sete e vinte.
Que bom. Tinha bastante tempo.
Olhou para a janela, o desafio da cidade começava a partir daquela janela.
- Não. O desafio tinha começado quando quisera saber o valor do tempo, sabia disso.
D. Formosa, não gostava de não saber.
E por dedução e comparação começou a entender o mecanismo de entendimento das horas daquele relógio, conseguiu.
A primeira briga estava ganhada.
Agora faltava o resto, o encontro com o padre e o resto da cidade.
Sorriu, olhou pela janela.
" - Que diabos é tudo isso?
Formosa adorava essa frase e ainda a iria usar e muito."

 
Mauro Guari
Enviado por Mauro Guari em 19/11/2018
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